COMUNICAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: O AMBIENTE COMUNICATIVO DO SWU


Danielle Mendes Thame Denny[1] 
1. Introdução
Asapresentações musicais em eventos coletivos, como os festivais de música, sãocapazes de gerar um ambiente privilegiado para intervenções, de forma afavorecer a educação, despertar e desenvolver a formação da postura ética eecológica dos participantes. Pela memória musical, experiências sonoras podemser vinculadas a determinadas atitudes e, assim, promover ações e compromissos quelevem emconsideração o meio ambiente . O caso concreto sob análise é o SWU 2010(sigla de Starts With You ou ComeçaCom Você) que tinha como objetivo articular a educomunicação ambiental àimersibilidade sonora nos três dias de festival, realizado em Itu, cidade do estadode São Paulo, na Fazenda Maeda, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010. Em seusite, o SWU pretende ser um movimento de conscientização em prol dasustentabilidade. Sua finalidade seria mostrar que, por meio de pequenas açõesindividuais praticadas no dia a dia, as pessoas podem ajudar a construir ummundo melhor para se viver. O presente artigo reflete uma pesquisa em andamentoque busca identificar se a sustentabilidade foi usada, meramente, para promovero consumo durante o SWU, ou se foi uma importante oportunidade para se criarvínculos entre as pessoas e usar o ouvir como disposição para sermos tocadospelas ideias a respeito da sustentabilidade. A análise teórica  aqui desenvolvida é feita sob a perspectivados valores econômicos, da vinculação, da comunicação orquestral, da iconofagia,da ecologia da comunicação, da verticalidade, da cultura do ouvir, dos diálogose dos discursos. Este  estudo parte deuma análise de caso, segue a metodologia fenomenológica e tem, como referencialteórico, autores como Shapiro(1999), Castells (2009), Català (2005), Winkin(1998), Flusser (2007), Pross (1980), Romano (2004), dentre outros.
Apesquisa em elaboração nasceu de uma experiência de aplicação do aprendido nasaulas de Teoria da Comunicação do Mestrado da Cásper Líbero. Depois de estudara escola de Palo Alto, a pesquisadora foi a campo, durante os três dias  do festival, seguindo a metodologiafenomenológica de buscar experiências, de ir da teoria ao trabalho de campo,como propõe o título do livro de Winkin (1998).
Faceaos desafios enfrentados, atualmente, pela Comunicação, num contexto em que ainformação deixou de ser escassa e os meios ainda não desenvolveram uma novalinguagem, iniciativas como o SWU são casos a serem estudados. Além disso, paraa linha de pesquisa do Mestrado: “Processos Midiáticos: Tecnologia e Mercado”, omodelo de negócio do SWU e a experiência de vinculação ampliada nas mediaçõesterciárias e potencializada ainda mais pela convergência dos meios formando umateia de vínculos (Menezes, 2007) é de suma importância e  atual.
Apesquisa tem  a temática dividida em trêsfocos principais: vinculação, media literacye ecologia da comunicação.
2. A origem domovimento e do evento SWU
OSWU (sigla em inglês para Começa Com Você) era para ser uma mega campanhapublicitária de comunicação de massa em defesa da sustentabilidade, traduzidaem uma plataforma de informação e entretenimento. Em seu site, o SWU pretendeser um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores:paz, amor, consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maior númeropossível de pessoas para essa causa. Sua finalidade seria mostrar que, por meiode pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, as pessoas podem ajudara construir um mundo melhor para se viver.
Oidealizador do movimento foi Eduardo Fischer, presidente do Grupo Totalcom,holding de agências publicitárias com atuação no Brasil, na Argentina e emPortugal e cujo capital social é 100% brasileiro. Contou com a parceria daprodutora de shows The Groove Concept e da Consultoria Visão Sustentável. Osprincipais patrocinadores foram a Nestlé, a Heineken e a OI. A premissa domovimento seria que pequenas atitudes podem gerar grandes mudanças. A sua manifestaçãoempírica  deu-se durante o Fórum Globalde Sustentabilidade e do Music and Arts Festival, para um público de 164,5 milpessoas em Itu.
EsseFórum Global de Sustentabilidade foi a primeira parte do evento que funcionouentre 12h e 14h40, com apresentações de palestrantes e debates sobre os temasNegócios Sustentáveis, Inclusão de Minorias e Jovens e Meio Ambiente. Três milpessoas compareceram as 29 palestras proferidas por convidados nacionais einternacionais. Todo o material produzido pelos 24 speakers e outros 20 convidados (especialistas, pensadores,empresários e representantes de entidades nãogovernamentais), ainda está indisponívelde forma abrangente, na Internet, por exemplo.
Asegunda parte foi o Arts Festival, que recebeu instalações de Eduardo Srur,Urban Trash Art, Bijari, Oficina Jamac, Flávia Vivacqua, Cooperaacs. Promoveu aexposição “Brasil em Chamas” em homenagem a Frans Krajcberg, sob curadoria de Sergio Caribe, com 7 esculturas e8 fotos do artista.  Elas eram permanentes,dispersas pelos 233 mil m² e podiam ser experimentadas durante todo o evento,inclusive durante o festival de música.
Aterceira, e a mais notória parte do SWU, foi o Music Festival. Com 74 atraçõesmusicais, 700 músicos nos palcos e mais de 50 horas de música. Começava porvolta das 15h e terminava após às 2h, com shows de diversas bandas distribuídaspor 4 palcos.
3. Ambientes evínculos no contexto do SWU
Opresente artigo é fruto de uma pesquisa em andamento, portanto a ênfase ainda éna problematização e nas hipóteses. Com a análise, por meio das teorias dacomunicação, dos processos de vinculação gerados durante o SWU, possivelmenteirão se evidenciar vínculos estabelecidos durante o festival e depois, entre osespectadores e fãs,  pelas mídias sociaisconectadas, por exemplo.  Há aprobabilidade da pesquisa  indicar que avinculação humana foi ampliada nas mediações terciárias e potencializada pelaconvergência de meios de comunicação que interagem com o festival, veiculando valoresde sustentabilidade, de forma lúdica.
Soba análise da economia da comunicação, pode ser que se identifique que asustentabilidade foi usada meramente para promover o consumo durante o SWU, e que,contrariando as expectativas, não houve a defesa efetiva dos valores éticos dasustentabilidade, ou o uso do ambiente musical para fornecer recursos à informaçãosocioambiental. Pode ser que tenha sido perdida uma importante oportunidadepara usar o ouvir como disposição para sermos tocados por tão importante causa.As iniciativas comunicacionais do SWU podem se demonstrar estruturadas deacordo com a lógica do EcoMarketing e do “greenwashing”, com suas ações nãoverdadeiramente sustentáveis.
Umaoutra problematização é o fato de o SWU poder ser tomado, apenas, como umareafirmação de uma imagem da sociedade do espetáculo à medida que as pessoas,como em qualquer outro show de música, levam prontas uma imagem de como o showdeve ser aproveitado; uma imagem fechada, com uma lacuna a ser preenchida pelaefetiva presença da pessoa naquele local. E esses modelos prontos,pré-fabricados pela indústria do entretenimento podem, inclusive, vir de outrospaíses, como dos festivais ingleses que, como o SWU, oferecem camping, longalista de shows de diversas bandas em palcos de estilos diferentes. O SWU podeser tomado de exemplo dessa reafirmação dos modelos já pré-estabelecidos nosfestivais ingleses e americanos.
Dessaforma, levantam-se as hipóteses de que uma nova linguagem adequada à abundânciade informações, hiperconectividade e escassez de tempo precisa ser desenvolvidae de que o SWU pode ser estudado como um exemplo de iniciativa inovadora decomunicação, pois logrou envolver os participantes antes e depois dos três diasde evento, utiliza-se das mídias eletrônicas para criar e manter os vínculos e temfinalidade educativa, usa, portanto, a imagem fechada,  pré-fabricada da sociedade do espetáculo, osvalores da economia da comunicação e a lógica do EcoMarketing para viabilizar seumodelo de negócio mas de que isso não é o essencial.
OSWU deve ter se desdobrado para muito além desses conceitos. A comunicaçãoorquestral deve ter gerado vínculos afetivos que, quando a pessoa fez parte do EcoMarketing, ou quando entrou na imagem pré-estabelecida de como desfrutar de um show,apropriou-se dos pontos de interesse, sociabilizou-se, entrou em contato comoutras pessoas, experimentou ambientes sensoriais de forma a chamar a atençãopara a corporeidade e, assim, promover ecologia da comunicação. A análise dossucessos e dos fracassos dessa experiência, possivelmente servirá parafundamentar futuras investidas semelhantes, contribuindo para a formação de umanova linguagem comunicacional, adaptada à escassez de tempo e à abundância deinformações, possibilitadas pela revolução digital.
4. Concepçõesteóricas para compreensão crítica do SWU
Serãoestudados os conceitos de mediação e vinculação (Pross, 1980 e Baitello, 1999),comunicação orquestral (Winkin, 1998) e comunicação como diálogo (Flusser,2007). O vínculo, como base para a comunicação, deve ser entendido como mais complexoque o contato cibernético para troca de informações, considerando comunicar comodiferente de informar (Wolton, 2010). Somente seres humanos comunicam, trocamsentimentos, compartilham sensações. Os aparelhos eletrônicos podem ampliar ou,muitas vezes, reduzir as possibilidades de vinculação humana.
Naatual sociedade imagética, milhares de imagens são consumidas pelas pessoas e aomesmo tempo as imagens consomem as pessoas (Baitello, 2005). Areprodutibilidade sem limites, mina qualquer tipo de reflexão, na tentativa desubstituir as outras dimensões humanas bastante esquecidas. Nesse quadro,qualquer preocupação sobre o ecossistema, incluindo o ambiente comunicacional,não se encaixa. A ecologia tem como objetivo a integração entre o humano e omeio ambiente. E esse ambiente  além defísico, é imaterial, uma vez que, nesta sociedade, a nossa existência virtual éparticularmente importante.
Depoisde séculos de supremacia da racionalidade, o corpo e os seus sentimentosprecisam ser resgatados. Na verdade, o que normalmente move os atos humanos sãoas emoções, como o amor, a simpatia, o respeito e não a racionalidade. Nesse contexto,é importante redescobrir o homem não somente como homo faber, um trabalhadorracional, focado em resultados e produtividade, mas também como homo ludens,com senso de humor, paixões, com foco em lazer e diversão. E é isso que pareceacontecer no SWU, por meio da integração do lazer com a educação, criandoecossistemas comunicacionais (Romano, 2004) nos ambientes educativos e, dessaforma, integrando música, imagens, internet, redes sociais, blogs, amigos,família …
Referências

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[1]Mestranda em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero. Linha de PesquisaProcessos Midiáticos: Tecnologia e Mercado. Grupo de Pesquisa Comunicação eCultura do Ouvir. 

COMUNICAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: O AMBIENTE COMUNICATIVO DO SWU

Danielle Denny[1]* 

RESUMO

As apresentações musicais em eventos coletivos comoos festivais de música são capazes de gerar um ambiente privilegiado paraintervenções de forma a favorecer a educação, despertar e promover a posturaética e ecológica dos participantes. Pela memória musical, experiências sonoraspodem ser vinculadas a determinadas atitudes e, assim, promover ações ecompromissos ecológicos. O caso concreto sob análise é o SWU 2010 (sigla deStarts With You ou Começa Com Você) que tinha como objetivo articular aeducomunicação ambiental à imersibilidade sonora nos três dias de festivalrealizado em Itú/SP,na Fazenda Maeda, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010. Em seu site o SWUpretende ser um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Suafinalidade seria mostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadasno dia a dia, as pessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para seviver. O presente artigo reflete uma pesquisa em andamento que busca identificarse a sustentabilidade foi usada meramente para promover o consumo durante oSWU, ou se foi uma importante oportunidade para criarem-se vínculos e usar oouvir como disposição para sermos tocados pelas idéias da sustentabilidade. Aanálise teórica do presente artigo é feita sob a perspectiva dos valoreseconômicos, da vinculação, da comunicação orquestral, da iconofagia, daecologia da comunicação, da verticalidade, da cultura do ouvir, dos diálogos edos discursos. Este artigo parte de uma análise de caso, segue a metodologiafenomenológica e tem como referencial teórico autores como Shapiro(1999),Castells (2009), Català (2005), Winkin (1998), Flusser (2007), Pross (1980),Romano (2004), dentre outros. Palavras-chave: Vínculos. Comunicação Orquestral.Diálogo. Medialiteracy. Cultura do Ouvir. Ecologia da comunicação.


INTRODUÇÃO

Apresente pesquisa nasceu de uma experiência de aplicação do aprendido nas aulasde Teoria da Comunicação do mestrado da Cásper Líbero. Depois de estudar aescola de Palo Alto, a pesquisadora foi a campo, durante os três dias de festivalrealizado em Itú/SP,na Fazenda Maeda, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010, seguindo ametodologia fenomenológica de buscar experiências, de ir da teoria ao trabalhode campo, como propõe o título do livro de Winkin (1998).
Frenteaos desafios enfrentados atualmente pela Comunicação, num contexto em que ainformação deixou de ser escassa e os meios ainda não desenvolveram uma novalinguagem, iniciativas como o SWU são casos a serem estudados. Além disso, paraa linha de pesquisa do Mestrado: “Processos Midiáticos: Tecnologia e Mercado”, omodelo de negócio do SWU e a experiência de vinculação ampliada nas mediaçõesterciárias e potencializada ainda mais pela convergência dos meios formando umateia de vínculos (Menezes, 2007) é de suma importância e atualidade.
Apesquisa tem uma temática dividida em três itens principais: vinculação, medialiteracy e ecologia da comunicação.


DESCRIÇÃO DO OBJETO: O SWU 2010

OSWU (sigla em inglês para Começa Com Você) era para ser uma mega campanhapublicitária de comunicação de massa em defesa da sustentabilidade, traduzidaem uma plataforma de informação e entretenimento. Em seu site o SWU pretendeser um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valoresde paz, amor, consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maiornúmero possível de pessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidadeseria mostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadas no dia adia, as pessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para se viver.
Oidealizador do movimento foi Eduardo Fischer, presidente do Grupo Totalcom,holding de agências publicitárias com atuação no Brasil, na Argentina e emPortugal e cujo capital social é 100% brasileiro. Contou com a parceria daprodutora de shows The Groove Concept e da Consultoria Visão Sustentável. Osprincipais patrocinadores foram Nestlé, Heineken e OI. A premissa do movimentoseria que pequenas atitudes podem gerar grandes mudanças. A manifestaçãoempírica desse movimento se deu durante os dias 9, 10 e 11 de outubro de 2010,na fazenda Maeda, em Itu (SP)com a realização do Fórum Global de Sustentabilidade e do Music and ArtsFestival, para um público de 164,5 mil pessoas.
Aprimeira parte do evento foi o Fórum Global de Sustentabilidade que funcionouentre 12h e 14h40, com apresentações de palestrantes e debates sobre os temasNegócios Sustentáveis, Inclusão de Minorias e Jovens e Meio Ambiente. Três milpessoas compareceram às 29 palestras de convidados nacionais e internacionais.Todo o material produzido pelos 24 speakers e outros 20 convidados entreespecialistas, pensadores, empresários e representantes de entidadesnão-governamentais, ainda não está disponível de forma abrangente na internet,por exemplo.
Asegunda parte foi o Arts Festival, festival de arte que recebeu instalações deEduardo Srur, Urban Trash Art, Bijari, Oficina Jamac, Flávia Vivacqua,Cooperaacs. Promoveu a exposição “Brasil em Chamas” em homenagem a Frans Krajcberg, sob curadoria de Sergio Caribe, com 7 esculturas e8 fotos do artista. As instalações eram permanentes, ou seja, podiam serexperimentadas durante todo o evento, inclusive durante o festival de música. Eas obras foram dispersas pelos 233 mil m2.
Aterceira, e mais notória parte do SWU, foi o Music Festival, festival de músicaque teve 74 atrações musicais, 700 músicos nos palcos e mais de 50 horas demúsica. Começava por volta das 15h e terminava depois das 2h, com shows dediversas bandas distribuídos por 4 palcos.

PROBLEMATIZAÇÃO E HIPÓTESES

Opresente artigo é fruto de uma pesquisa em andamento, portanto a ênfase ainda éna problematização e nas hipóteses. Com a análise, por meio das teorias dacomunicação, dos processos de vinculação gerados durante o SWU, possivelmenteirão se evidenciar vínculos estabelecidos durante o festival e depois, entre osespectadores e fãns, por meio das mídias sociais conectadas, por exemplo. Possivelmentea pesquisa indicará que a vinculação humana foi ampliada nas mediaçõesterciárias e potencializada pela convergência de meios que interagem com o festival,ensinando valores de sustentabilidade, de forma lúdica.
Soba análise da economia da comunicação, pode ser que se identifique que asustentabilidade foi usada meramente para promover o consumo durante o SWU, e que,contrariando as expectativas, não houve a defesa efetiva dos valores éticos dasustentabilidade, ou o uso do ambiente musical para promover informaçãosocioambiental. Pode ser que tenha sido perdida uma importante oportunidadepara usar o ouvir como disposição para sermos tocados pelas idéias dasustentabilidade. As iniciativas comunicacionais do SWU podem se demonstrar estruturadasde acordo com a lógica do eco marketing e do “greenwashing”, com suas ações nãoverdadeiramente sustentáveis.
Umaoutra problematização é o fato de o SWU poder ser tomado apenas como umareafimação de uma imagem da sociedade do espetáculo à medida que as pessoas,como em qualquer outro show de música levam prontas em suas cabeças uma imagemde como o show deve ser aproveitado, uma imagem fechada com uma lacuna a serpreenchida pela efetiva presença da pessoa naquele local. E esses modelosprontos, pré-fabricados pela indústria do entretenimento podem inclusive vir deoutros países, como dos festivais ingleses que, como o SWU, oferecem camping,longa lista de shows de diversas bandas em palcos de estilos diferentes. O SWU podeser tomado de exemplo dessa reafirmação dos modelos já pré-estabelecidos nosfestivais ingleses e americanos.
Dessaforma, levantam-se as hipóteses de que uma nova linguagem adequada à abundanciade informações, hiperconectividade e escassez de tempo precisa ser desenvolvidae de que o SWU pode ser estudado como um exemplo de iniciativa inovadora decomunicação, pois logrou envolver os participantes antes e depois dos três diasde evento, se utiliza das mídias eletrônicas para criar e manter os vínculos,tem finalidade educativa, usa a imagem fechada, prefabricada da sociedade doespetáculo, os valores da economia da comunicação e a lógica do eco marketing paraviabilizar seu modelo de negócio, mas de que isso não é o essencial.
OSWU deve ter se desdobrado para muito além desses conceitos, a comunicaçãoorquestral deve ter gerado vínculos afetivos que quando a pessoa fez parte doeco marketing, ou quando entrou na imagem pré estabelecida de como desfrutar deum show, se apropriou dos pontos de interesse, sociabilizou, entrou em contatopessoal com outras pessoas, experimentou ambientes sensoriais de forma a chamara atenção para a corporeidade e assim promover ecologia da comunicação. Aanálise dos sucessos e fracassos dessa experiência, possivelmente servirá parafundamentar futuras investidas semelhantes, contribuindo para a formação de umanova linguagem comunicacional, adaptada à escassez de tempo e abundância deinformações, possibilitadas pela revolução digital.


QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA

Serãoestudados os conceitos de mediação e vinculação (Pross, 1980 e Baitello, 1999),comunicação orquestral (Winkin, 1998) e comunicação como diálogo (Flusser,2007). O vínculo como base para a comunicação deve ser entendido como maiscomplexo que o contato cibernético para troca de informações, sendo comunicar diferentede informar (Wolton, 2010), somente seres humanos comunicam, trocamsentimentos, compartilham sensações. Os aparelhos eletrônicos podem ampliar ou,muitas vezes, reduzir as possibilidades de vinculação humana.
Naatual sociedade imagética, milhares de imagens são consumidas e consomem aspessoas constantemente. As imagens são reproduzidas sem limites, para minarqualquer tipo de reflexão, na esperança de substituir as outras dimensõeshumanas deixadas de lado. Neste quadro, qualquer preocupação sobre oecossistema, incluindo o ambiente comunicacional, não se encaixa. A ecologiatem como objetivo a integração entre o humano e o meio ambiente. E esteambiente não é apenas físico, mas também imaterial, uma vez que, na sociedadeatual, a nossa existência virtual é particularmente importante.
Depoisde séculos de supremacia da racionalidade, o corpo e seus sentimentos precisamser resgatados. Na verdade, o que normalmente move os atos humanos são emoções,como amor, simpatia, respeito, e não a racionalidade. Neste contexto, éimportante redescobrir o ser humano não apenas como homo faber, um trabalhadorracional, focado em resultados e produtividade, mas também como homo ludens,com senso de humor, paixões, com foco em lazer e diversão. E é isso que pareceacontecer no SWU, por meio da integração do lazer com a educação, criandoecossistemas comunicacionais nos ambientes educativos e, assim, integrandomúsica, imagens, internet, redes sociais, blogs, amigos, família …
Idéiasem nossa sociedade podem ter um poder incrível. A idéia de mercado, porexemplo. Foi uma vez um conceito racional, mas hoje em dia tem sido deificado.Desemprego é por causa do mercado, bem como as crises, as alteraçõesclimáticas, os preços, e assim por diante. Mas são poucas as pessoas queefetivamente entendem o porquê. Para a maioria, o mercado é algo como um deus,uma entidade criada pela racionalidade humana que vai além, alcançando a suaprópria existência no mundo imaginário. Não só as pessoas consomem essasimagens, mas também as imagens consomem as pessoas, como Norval Baitelloexplica através do conceito de iconofagia (Baitello, 2005:53). Imagenspré-concebidas de sucesso, beleza, perfeição, entre outros, fazem as pessoasforçarem seus corpos para caber nessas imagens, às vezes em detrimento docorpo.


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[1]Mestranda em Comunicação na Contemporaneidade da Faculdade Cásper Líbero- 2° Semestre de 2010. Linha de Pesquisa Processos Midiáticos: Tecnologia eMercado, Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura do Ouvir.http://lattes.cnpq.br/8898848038418809   

O MODELO DE NEGÓCIO VERDE. ESTUDO DE CASO: SWU

Sustentabilidadeusada para agregar valor ao produto da indústria cultural
Danielle Denny[1]
Resumo:
Aeconomia dos bens informacionais e imateriais tem sofrido o impacto econômicodas revoluções tecnológicas que fazem com que a informação seja cara para ser produzida,mas extremamente barata para ser utilizada e reproduzida. As técnicas deaprisionamento de conteúdo e os monopólios de bens simbólicos e culturais foramprofundamente alterados pelas novas tecnologias que disponibilizaram formasrápidas e fáceis de compartilhamento de dados. Nesse contexto, a indústriacultural ainda procura um novo modelo de negócio que possa garantir suaviabilidade econômica. O uso da sustentabilidade para agregar valor ao produtoparece ser uma saída. Por meio da ecopublicidade, se promove o “green washing”no conteúdo identitário da marca. Ao ser identificado como sustentável, oproduto deixa de considerado apenas por suas qualidades intrínsecas e pelovalor marcário que já possuia e passa a ser dotado de um valor intangívelextra. Apresentações musicais em eventos coletivos como os festivais de música sãoambientes particularmente profícuos para a ecopublicidade, pois sãoefetivamente capazes de gerar um ambiente privilegiado para favorecer aeducação, despertar e promover a postura ética e ecológica dos participantes. Principalmenteporque pela memória musical, experiências sonoras podem ser vinculadas adeterminadas atitudes e, assim, promover ações e compromissos ecológicos. Dessaforma, os valores da sustentabilidade são facilmente vinculados ao produtofestival de música o que facilita todas as práticas de ecopublicidade e “greenwashing”. Por isso o caso concreto sob análise é o SWU 2010, festival realizadoem Itú/SP, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010. O presente artigo identificaque a sustentabilidade foi usada principalmente para agregar valor à marca SWU,promover o consumo, aumentar os preços, diminuir os custos e, assim, ganhar competitividadeperante os concorrentes, reafirmando os princípios clássicos da economia:menores gastos e maiores receitas. Sob a bandeira da sustentabilidade muitagente trabalhou de graça, foram conseguidos incentivos fiscais e parcerias comsecretarias do Meio Ambiente, além disso, bandas que não viriam se fosse umconcerto comum, simplesmente patrocinado por empresas como Nestlé, Heineken eOI, por exemplo, vieram só porque o evento se propunha ético esocioambientalmente comprometido. Ou seja, o uso econômico dos valoressocioambientais foi fundamental para viabilizar o modelo de negócio do SWU. Aanálise teórica do presente artigo é feita sob a perspectiva dos conceitoseconômicos, da vinculação, da comunicação orquestral, da (in)comunicação, daverticalidade, da cultura do ouvir, dos diálogos e dos discursos. Este artigoparte de uma análise de caso, segue a metodologia fenomenológica e tem comoreferencial teórico autores como Shapiro(1999), Castells (2009), Winkin (1998),Flusser (2007), Pross (1980), dentre outros.
Palavras-chave:Economia da comunicação. Ecopublicidade. Propriedade Intelectual. Música.Sustentabilidade. Educação. Comunicação e Incomunicação.


Abstract:
The economy ofinformational and intangible assets have suffered the economic impact oftechnological revolutions that make the information expensive to produce butvery cheap to be used and reproduced. The technique of imprisonment of contentand the monopolies of cultural and symbolic goods were profoundly altered bynew technologies that have provided quick and easy ways of sharing data. Inthis context, the culture industry is still looking for a new business modelthat can guarantee its economic viability. The use of sustainability to addvalue to the product seems to be a way. Through ecomarketing, it promotes”green washing” in the content of the brand identity. When identifiedas sustainable, the product stops to be considered only for its intrinsicqualities and for the value the brand already has and becomes endowed with anextra intangible. Musical performances in collective events like musicfestivals are environments especially profitable for ecomarketing because theyare effectively able to generate a privileged environment to foster education,to awaken and promote the ethical and ecological attitudes of the participants.Mainly because the memory of music, sound experiences can be linked to certainattitudes and thus promote actions and ecological commitments. Thus, the valuesof sustainability are easily linked to the product music festival whichfacilitates all ecomarketing practices and the “green washing”. Sothe case under review is the SWU 2010 festival held in Itu / SP, on 9, 10 and11 November 2010. This article identifies that sustainability was usedprimarily to add value to the brand SWU, promote consumption, raise prices,reduce costs and thereby gain competitiveness in relation to competitors,reaffirming the principles of classical economics: lower expenses and higherrevenues. Under the banner of sustainability many people worked for free, taxincentives have been achieved and partnerships with departments of Environmentwere gained, in addition, bands that would not come if it were an ordinaryconcert, sponsored by companies just like Nestle, Heineken and OI, for example,came only because the event was proposed ethical, socially and environmentallycommitted. That means, the economic use of socio-environmental values wasessential to enable the business model of the SWU. The paper analyses the eventunder the perspective of economics, linkage, orchestral communication,(in)communication, verticality, culture of listening, dialogues and discourses.This article analyses a case, follows the phenomenological methodology and hasits theoretical references on authors such as Shapiro(1999), Castells (2009),Winkin (1998), Flusser (2007), Pross (1980).
Key words : Economyof communication. Ecomarketing. Intellectual Property Rights. Music.Sustainability. Education. Communication and incommunication.


1)     INTRODUÇÃO            

Aeconomia dos bens informacionais e imateriais tem sofrido o impacto econômicodas revoluções tecnológicas que fazem com que a informação seja cara para ser produzida,mas extremamente barata para ser utilizada e reproduzida. As técnicas deaprisionamento de conteúdo e os monopólios de bens simbólicos e culturais foramprofundamente alterados pelas novas tecnologias que disponibilizaram formasrápidas e fáceis de compartilhamento de dados.
Com aconvergência de mídias e a divergência de meios, são criadas multiplataformasde interação entre emissor e receptor de conteúdo informativo via mídiassociais conectadas (LIMA, 2009:54) o que facilita o consumo massivo de dados ede informações em um ambiente hiperconectado. Nesse contexto, a indústriacultural ainda procura um novo modelo de negócio que possa garantir suaviabilidade econômica.
Conforme identifica Walter Lima:
Embarcados em diversos aparatos digitais, como máquinas computacionais,celulares e outros dispositivos móveis, os “chips”, que “mastigam” dados,ganharam um canal para vazão desse processamento, que são as conexões entre computadoresatravés das redes telemáticas, principalmente a web. Assim, essas tecnologiasse espalharam pela sociedade, impactando comportamentos e modelos de negócio emgeral, e atingindo, também, o campo da mídia.. (LIMA, 2011: 46)
O usoda sustentabilidade para agregar valor ao produto parece ser uma saída. Pormeio da ecopublicidade, se promove o “green washing” no conteúdo identitário damarca. Ao ser identificado como sustentável, o produto deixa de consideradoapenas por suas qualidades intrínsecas e pelo valor marcário que já possuia epassa a ser dotado de um valor intangível extra.
Apresentaçõesmusicais em eventos coletivos como os festivais de música são ambientesparticularmente profícuos para a ecopublicidade, pois são efetivamente capazesde gerar um ambiente privilegiado para favorecer a educação, despertar epromover a postura ética e ecológica dos participantes. Principalmente porque pelamemória musical, experiências sonoras podem ser vinculadas a determinadasatitudes e, assim, promover ações e compromissos ecológicos.
Dessaforma, os valores da sustentabilidade são facilmente vinculados ao produtofestival de música o que facilita todas as práticas de ecopublicidade e “greenwashing”. Por isso o caso concreto sob análise é o SWU 2010, festival realizadoem Itú/SP, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010. O presente artigoidentifica que a sustentabilidade foi usada principalmente para agregar valor àmarca SWU, promover o consumo, aumentar os preços, diminuir os custos e, assim,ganhar competitividade perante os concorrentes, reafirmando os princípiosclássicos da economia: menores gastos e maiores receitas.
Sob a bandeira dasustentabilidade muita gente trabalhou de graça, foram conseguidos incentivosfiscais e parcerias com secretarias do Meio Ambiente, além disso, bandas quenão viriam se fosse um concerto comum, simplesmente patrocinado por empresas comoNestlé, Heineken e OI, por exemplo, vieram só porque o evento se propunha éticoe socioambientalmente comprometido. Ou seja, o uso econômico dos valoressocioambientais foi fundamental para viabilizar o modelo de negócio do SWU.

2)     ECO PUBLICIDADE

A tendência na publicidademundial tem sido buscar equilíbrio e modernidade, segundo Ethel ShiraishiPereira. Sob essa perspectiva a eco publicidade faz comunicação comresponsabilidade ambiental. As campanhas eco publicitárias vão muito além dasimples utilização de materiais reciclados, incentivam o uso de mídias menosagressivas, mais atraentes e econômicas, mitigam a quantidade de dejetos produzidospela campanha, utilizam materiais e processos de baixo impacto ambiental.
Os exemplos mais comuns são osusos de mídias digitais, de tintas à base de água ou de base vegetal, nas quaiso petróleo é substituído pelo óleo de soja, e de papéis reciclados e dereflorestamento, sem adição de cloro. A proposta de sustentabilidade começa aser incorporada no dia a dia das empresas realizadoras de eventos. Estáaumentando o uso de materiais reciclados e reutilizáveis; a coleta e destinaçãocorreta dos resíduos gerados por um evento; a respectiva neutralização dasemissões de gás carbônico, por exemplo com a posterior compensação por meio doplantio de árvores; aumentando a acessibilidade ao local em que se realiza oevento; a racionalização do uso da água e de energia elétrica; utilização dealimentos orgânicos; utilização de “brindes verdes” ou produzidos porcomunidades carentes; incentivo ao comércio justo; promoção de ações sociais,culturais e de campanhas educativas, de incentivo à preservação ambiental.
Dessa forma, a eco publicidadebusca associar o marketing do produto e a imagem da empresa às boas práticasambientais. Para tanto, precisa utilizar parceiros e fornecedores que tambémsejam comprometidos com a produção de baixo impacto ambiental, de preferênciacertificados o que, via de regra, aumenta o preço de produção.
Segundo bem ressalta  Ethel Shiraishi Pereira:
os eventos considerados sustentáveis estão contribuindo para alegitimação dos discursos organizacionais que, cada vez mais, se apropriam dotermo “sustentabilidade” para, diante da impossibilidade de ocultar o quanto suas ações estão prejudicando o meioambiente, demonstrar aos seus públicos de interesse que estão preocupadas comas questões ambientais (…) Como mecanismo de legitimação de seus discursosorganizacionais, as empresas fazem uso intenso do conceito de desenvolvimentosustentável e passam a promover ações muitas vezes calcadas em estratégias demarketing e de relações públicas apenas visando à promoção de sua imagem juntoà sociedade, cada vez mais exigente de seus direitos como consumidores ecidadãos. (PEREIRA,2010: 91-107)

3)     GREENWASH

Muitas empresas não adotamcondutas verdadeiramente socio ambientais mas por meio do greenwash vendemfalsa imagem de “verde”. A TerraChoice Environmental Marketing,consultoria especializada em produtos sustentáveis, realizou pesquisa sobre aconfiabilidade de mais de mil itens supostamente sustentáveis, no Canadá e EUA.A conclusão do estudo foi que 99,9% dos produtos que se propunham sustentáveis eramuma enganação completa ou, pelo menos, dúbios. Surpreendentemente, apenas umproduto, um papel higiênico produzido sem cloro e com conteúdo recicladocumpria o que anunciava.
Em 57% dos itens foi dado destaquepara uma qualidade real do produto mas que desvia a atenção de outrosproblemas. Por exemplo, papéis reciclados branqueados com cloro e eletrônicos queajudam a economizar energia, mas que ao mesmo tempo possuem altos teores demetais pesados.
A 26% dos produtos faltavacomprovação de que os diferenciais sustentáveis do produto são reais. São oscasos dos rótulos dos produtos que se dizem orgânicos ou não terem sido testadosem animais, mas que a empresa produtora não consegue comprovar essasqualidades.
Em 11% dos casos os produtostrazem expressões vagas e ambíguas, como ser “livre de substâncias químicas”,“atóxico”, “verde”, “100% natural”, uma bobagem considerando, por exemplo, quetodos os elementos da natureza são químicos.
Há ainda os casos de mentiras,erros, omissões e informações irrelevantes que correspondem a 6% dos casos.Embalagens de aerossóis que indicam não conter CFC, por exemplo, sãoirrelevantes pois desde o Protocolo de Montreal, de 1987, o gás, nocivo àcamada de ozônio, foi proibido para todos os aerossóis.
A técnica expúria do greenwash émuito vantajosa pois os consumidores conscientes aceitam pagar um preço maiorpor um produto ecológico mas ao mesmo tempo, no ato da compra, sãocompletamente hipossuficientes para comprovar se o que está sendo anunciado temsido cumprido na prática ou corresponde a um efetivo ganho de sustentabilidadese comparado às linhas de produção similares não sustentavéis.
A difusão dessa prática enganosapresta um desserviço à causa ambiental. Ao confundirem os consumidores, geramceticismo, e com isso justificam atitudes de não comprometimento. A atuação dasociedade civil e esforços de regulação como as regras previstas na ISO 14021 podemcolaborar para combater a prática abusiva.

4)     ESTUDO DE CASO:O SWU

O SWU (sigla em inglês paraComeça Com Você) era para ser uma mega campanha publicitária de comunicação demassa em defesa da sustentabilidade, traduzida em uma plataforma de informaçãoe entretenimento. Em seu site o SWU pretende ser um movimento deconscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores de paz, amor,consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maior número possível depessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidade seria mostrar que, pormeio de pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, as pessoas podemajudar a construir um mundo melhor para se viver.
O idealizador do movimento foiEduardo Fischer, presidente do Grupo Totalcom, holding de agênciaspublicitárias com atuação no Brasil, na Argentina e em Portugal e cujo capitalsocial é 100% brasileiro. Contou com a parceria da produtora de shows TheGroove Concept e da Consultoria Visão Sustentável. Os principais patrocinadoresforam Nestlé, Heineken e OI.
A premissa do movimento seria quepequenas atitudes podem gerar grandes mudanças.
A manifestação empírica dessemovimento se deu durante os dias 9, 10 e 11 de outubro de 2010, na fazendaMaeda, em Itu (SP) com a realização do Fórum Global de Sustentabilidade e doMusic and Arts Festival, para um público de 164,5 mil pessoas.

a)     Primeira partedo evento: Fórum Global de Sustentabilidade

O Fórum funcionou entre 12h e14h40, com apresentações de palestrantes e debates sobre os temas NegóciosSustentáveis, Inclusão de Minorias e Jovens e Meio Ambiente. A participação dopúblico, contudo, ficou muito reduzida. Apenas 3 mil pessoas compareceram às 29palestras de convidados nacionais e internacionais. Algumas das razões quepodem ser apontadas para esse insucesso são, primeiro, o horário exíguo edesvinculado dos eventos do festival de música e, segundo, problemas práticos,como o comprometimento de boa parte do público alvo dessas palestras com asfilas dos banhos ou para alimentação.
O fórum deveria ficar abertodurante todo o evento. Suas palestras deveriam ter sido gravadas edisponibilizadas para o público que chegasse fora do horário. E depois nainternet para o público em geral.
Deveria haver ações inclusivasque envolvessem as pessoas que já estivessem no evento no horário das palestra.Mas nem a programação o público recebia. As pessoas do camping estavam presasàs filas do banho ou às do restaurante, não podendo comparecer. E não haviaestímulos para a participação. As ONGs poderiam ter sido acionadas para isso.Atividades lúdicas e inclusivas poderiam ter sido implementadas para despertaro interesse do público e consequentemente aumentado a audiência dessaspalestras.
Todo o material produzido pelos24 speakers e outros 20 convidados entre especialistas, pensadores, empresáriose representantes de entidades não-governamentais, foi perdido. Se estivessedisponível de forma mais abrangente durante o evento e depois na internet, poderiaestar repercutindo até o momento.

b)     Segunda parte doevento: Music and Arts Festival

O festival de música teve 74atrações musicais, 700 músicos nos palcos e mais de 50 horas de música. Começavapor volta das 15h e terminava depois das 2h, com shows de diversas bandasdistribuídos por 4 palcos. Essa parte foi um sucesso, com exceção de algunsatrasos, como por exemplo do show do Pixies e falhas técnicas, como a falta desom e de imagem durante a apresentação do Rage Against the Machine.
No dia 9 de outubro, no PalcoÁgua, se apresentaram: 15h45 – Brothers of Brazil, 16h50 – Macaco Bong, 18h40 –Mutantes, 20h55 – The Mars Volta. NoPalco Ar: 16h15 – Black Drawing Chalks, 17h35 – Infectious Grooves, 19h50 – LosHermanos, 22h05 – Rage Against the Machine. Na Tenda Heineken Greenspace: 15h –Glocal, 16h – Killer on the Dance Floor, 17h – The Twelves, 18h – Switch, 19h15– MSTRKRFT, 20h45 – The Crystal Method, 23h59 – DJ Marky, 01h15 – Steve Angelo.No Palco Oi Novo Som:14h40 – Banda Batalha das Bandas, 15h20 – Letuce + qinhO, 16h10 – Sobrado 112, 17h– Superguidis, 17h50 – Curumin & The Aipins, 18h45 – Mallu Magalhães, 19h45- Cidadão Instigado, 20h50 – The Apples in stereo.
No dia 10 de outubro, no PalcoÁgua: 14h – Ilo Ferreira, 15h40 – Jota Quest, 17h45 – Sublime with Rome, 19h55- Joss Stone, 22h55 – Kings of Leon. No Palco Ar: 14h50 – Teatro Mágico, 16h40- Capital Inicial, 18h45 – Regina Spektor, 21h – Dave Matthews Band. Na TendaHeineken Greenspace: 16h30 – Mario Fischetti, 17h45 – Nike Warren, 19h – Lifeis a Loop, 20h15 – Sander Kleinenberg, 21h30 – Roger Sanchez, 22h45 – Sharam, 00h15- Markus Schulz. No Palco Oi Novo Som: 14h40 – Banda Batalha das Bandas, 15h20- Luisa Maita, 16h20 – Volver, 17h20 – Lucas Santtana, 18h30 – Tulipa Ruiz, 19h40- Rubinho e a Força Bruta, 20h50 – Bomba Estéreo, 22h10 – Otto.
No dia 11 de outubro, no PalcoÁgua: 15h05 – Gloria, 16h10 – Rahzel, 17h45 – Cavalera Conspiracy, 19h55 –Incubus, 22h20 – Pixies, 01h35 – Tiesto. No Palco Ar: 14h30 – Alan Johanes, 15h35 – Crashdiet, 17h- Yo La Tengo, 18h50 – Avenged Sevenfold, 20h55 – Queens of the Stone Age, 23h25- Linkin Park. Na Tenda Heineken Greenspace: 15h30 – Anderson Noise, 16h45 -Anthony Rother, 18h – Aeroplane, 19h15 – Mix Hell, 20h30 – Gui Boratto, 21h45 -Erol Alkan. No PalcoOi Novo Som: 14h40 – Banda Batalha das Bandas, 15h30 – Tono, 16h30 – FinoColetivo, 17h30 – Mombojó, 18h35 – Autoramas, 19h40 – BNegão & Seletores deFrequência, 20h50 – Josh Rouse, 22h10 – CSS (Cansei de Ser Sexy)
O festival de arte recebeuinstalações de Eduardo Srur, Urban Trash Art, Bijari, Oficina Jamac, FláviaVivacqua, Cooperaacs. Além disso, promoveu a exposição “Brasil em Chamas” emhomenagem a Frans Krajcberg, sob curadoria de Sergio Caribe, com 7 esculturas e8 fotos do artista. Apesar de ser permanente, ou seja, podia ser experimentadodurante o festival de música, as obras eram poucas e muito dispersas pelogrande espaço do evento (233 mil m2) o que desestimulava o acesso eo interesse do público.
Para quem tinha a expectativa deencontrar obras impactantes, que causassem estranhamento e envolvessem opúblico, como normalmente são as instalações do curador do festival, EduardoSrur, a mostra foi frustrante. Esse artista é conhecido por instalar garrafaspet gigantes e iluminadas nas bordas do rio Tietê e por prender barracas decamping coloridas nos prédios monocromáticos de São Paulo.

i)       Contradições daecopublicidade do SWU

Hans Jöhr, já em 1994, estabeleceum roteiro para a eco publicidade:
1.     colocar objetivos de marketing em termos ecológicos.
a.      Assegurar a competitividade a longo prazo dosprodutos;
b.     Definir a participação no mercado em percentagem (%) eem faturamento (R$);
c.      Definir prazos e novos nichos de mercado para produtosecológicos;
d.     Ampliar a imagem e o grau de conhecimento por parte dopúblico das características dos produtos ambientalmente “limpos”.
2.     formular prioridades e objetivos por:
a.      linhas de produtos ou produtos individuais;
b.     segmentação de grupos ou classes de poder aquisitivo;
c.      regiões ou estados
3.     planejar ações de marketing integralmente com aprodução.
a.      Desenvolver produtos com materiais recicláveis oureutilizáveis, que sejam produzidos sem agredir o meio ambiente (por exemplo,certos tipos de plásticos).
4.     dar destaque à publicidade, relações públicas e mídia.
a.      Manter um bom relacionamento com a mídia;
b.     Usar a nova onda de preocupações do consumidor com omeio ambiente e reforçá-la através de propaganda;
c.      Com argumentos ecologicamente corretos, criar umaimagem forte da empresa comprometendo-se com a ecologia;
d.     Utilizar argumentos absolutamente verdadeiros, quepossam ser verificados e controlados;
e.      Participar com “ações ambientalistas” na comunidadevizinha à empresa, como forma de apoio institucionalizado (participar em ONGs,por exemplo)..
5.     na política de distribuição.
a.      Na logística, utilizar transportes menos poluidores emais econômicos em energia;
b.     Negociar, entre fornecedor e comerciante, canais dedistribuição que facilitem a redistribuição de materiais de reciclagem
6.     na política de preços e de promoções.
a.      Se os preços dos produtos ecológicos estão mais altosque os dos concorrentes, explicar detalhadamente o porquê da diferença (adiferenciação de preço pelo plus da ecologia);
b.     Verificar se os produtos mais caros podem serbarateados através de um mix de preços com os outros produtos.
7.     na organização do marketing.
a.      Verificar se todos os integrantes da organização estãovestindo a camisa,
b.     Fornecer todas as informações e treinar o pessoal demarketing;
c.      Criar uma “identidade ecológica” que garantacomportamentos adequados (jamais pregar um princípio ou norma de conduta sevocê não acredita…);
d.     Estabelecer um núcleo ecológico formado por membrosresponsáveis de marketing, que devem se reportar à diretoria da empresa nasações planejadas;
e.      Criar um sistema de informações com a simulação de quetenham sido realmente atingidos os objetivos (por exemplo, controllingecológico e sistemas de bônus ou gratificações). (JÖHR, 1994: 14-17)
O roteiro de Hans Jöhr foi emgrande parte seguido pela equipe do SWU, mas houve falhas. Apesar de propor areciclagem do lixo produzido, o evento não utilizou produtos com materiaisrecicláveis ou reutilizáveis, que tivessem sido produzidos sem agredir o meioambiente.
A atuação das ONGS foi muitolimitada. As “ações ambientalistas” na comunidade vizinha limitaram-se ao usode cooperativas para reciclagem de lixo. Um grande número de pessoas de Itúpoderia ter sido mobilizada para prestar serviços ou fornecer produtos para oevento. Poderia haver uma tenda de frutas e legumes produzidos na região, porexemplo.
Os preços altos, as demoras e asfilas para os produtos e serviços disponíveis no SWU eram justificados apenasde forma abstrata como ecológicos. Não havia uma explicação  detalhada sobre o porquê da diferença. Pelocontrário, a diferenciação de preço e tempo pelo plus da ecologia foi percebidapelo público como engodo, para justificar lucros maiores.
Além disso, a camisa da sustentabilidadenão foi vestida por todos os trabalhadores do evento. Lixo e bitucas eramjogados no chão pela equipe uniformizada do evento. Houve mal tratamento dosprestadores de serviço de limpeza que foram deixados esperando, sem almoço,sentados no chão do lado de fora do evento. E portadores de necessidadesespeciais foram protelados em detrimento das equipes de cobertura jornalística,por exemplo
O eco capitalismo é umamodalidade ainda mais insustentável que o capitalismo tradicional. Pois naótica do menor preço com maior benefício, pelo menos a água e a comida,condições para sobrevivência tendem a ser garantidas pelo sistema. Sob o ecocapitalismo, contudo, a exploração vai mais além, sob a desculpa de se promovera sustentabilidade praticam-se preços abusivos, limitando o acesso das pessoasaté aos bens de sobrevivência.
Os preços da comida e da água noSWU eram exorbitantes. Não se promovia a agricultura local, nem o usoconsciente de recursos, pelo contrário. A luz ficava acesa 24horas no campingmas nos toilletes não havia luz. A água do chuveiro era potável e trazida porcarros pipa a diesel, sem ser reutilizada. No banho, uma vez aberta a torneira,não havia meio de fechá-la para ensaboar-se, por exemplo, o fluxo de águacorria ininterruptamente por 7 minutos. Não havia pias, as pessoas tinham deusar água mineral (R$4 cada 250ml) para escovar os dentes e lavar as mãos, porexemplo.
Ao chegar ao evento, o públiconão recebia a programação, mas um termo de responsabilidade (que inclusive era impressoem papel grosso e com tinta forte, nada econômica). A pessoa sem a programaçãofica desinteressada e sujeita ao comportamento de matilha. Não participa dasatividades do Fórum por exemplo, ou porque não está sabendo quais serão ostemas a serem discutidos ou porque ninguém está indo para lá.
O comportamento sustentáveldeveria ser promovido por ações mais diretas e participativas. A comunicaçãofalhou não só na versão impressa (divulgação da programação) como naoportunidade de estabelecer vínculos e promover a disseminação do conhecimentopor meio de interações lúdicas e participativas.
Além disso, sob a bandeira dasustentabilidade muita gente trabalhou de graça e foram conseguidos incentivosfiscais e parcerias com secretarias do Meio Ambiente. Bandas que não viriam sefosse um concerto comum ou patrocinado por uma empresa de cervejas, porexemplo, vieram só por ter essa vinculação ética.

ii)     Descumprimentodo Plano de Ações de Sustentabilidade de 13 de setembro de 2010 (ANEXO 2)

Em contraste com o compromisso derespeito aos direitos humanos e trabalhistas, foi possível presenciar protestode funcionários terceirizados da empresa T e J que foram deixados horasesperando sem comer e em pé. “Ninguém aqui e bicho! Tem gente desmaiando defome!” Essas eram algumas das frases gritadas pelos terceirizados.
Não havia cadeiras ou bancos ondegestantes e idosos pudessem sentar e os portadores de necessidades especiaistinham de disputar lugar com as equipes de televisão que usavam o espaçoreservado aos PNEs para conseguir uma visão melhor do palco. Os PNEs eram,inclusive, algumas vezes, impedidos de entrar na plataforma com vistaprivilegiada dos palcos em tese reservada para eles em virtude da movimentaçãono acesso e das equipes televisivas. Esses fatos violam a cláusula denão-discriminação.
A autora não recebeu assistêncianem notou a presença de voluntários, que segundo o Plano de Ações deSustentabilidade, estariam disponíveis para qualquer ajuda, ou disponíveis parapassar informações e dicas de sustentabilidade.
A presença das ONGs no festival,foi muito restrita. Não puderam levar número suficiente de voluntários paraimplementar ações proativas e ficaram confinadas a um espaço exclusivo,longínquo, que não despertava o interesse do público em geral.
Da mesma forma o Fórum Global deSustentabilidade, ficou limitado a horário específico e distante do grandepúblico. Ficou perdido o material produzido pelos especialistas, pensadores,empresários, representantes de entidades não-governamentais e de outrasiniciativas para discutir com o público alguns dos principais temas dasustentabilidade. Não houve disponibilização desse material nem durante oevento nem depois online.
Violou-se ainda o compromisso deinclusão social, uma vez que todos os alimentos e bebidas eram provenientes degrandes redes. Não houve contratação de mão-de-obra local e pequenosfornecedores a não ser para lidar com o lixo.
Também foi desrespeitada acláusula Saúde e Segurança pois o público não teve um canal direto parareportar qualquer abuso, conforme estava previsto. Durante os três dias aautora tentou, sem sucesso entrar em contato com alguém da produção que seresponsabilizasse pelas falhas. Todos os contatados disseram não saber com quementrar em contato. Aúnica saída seria, segundo todos, mandar um email. Ocorre que aos emails aprodução também não respondia (nem antes do evento, nem durante, nem depois).Somente no dia 20 e outubro, depois de diversas tentativas, a autora conseguiuestabelecer contato com a equipe do SWU por email, no endereço: info@swu.com.br, do qual retirou a maiorparte dos números trazidos por este trabalho.
Com relação ao estímulo ao uso detransporte público, houve o contrário, um desestímulo ao transporte público e ouso insustentável dos meios de transporte. O ônibus de São Paulo passava pelafrente da fazenda Maeda, mas ia até Itu, para depois outro ônibus ser tomadopara a Fazenda, o que origina gasto extra de combustível por pelo menos 40 minutos.Além disso, o ônibus não estava informado sobre onde deveria deixar osdiferentes públicos, assim, os campistas foram deixados em outro lugar, quandodeveriam ter sido deixados no setor de triagem, perdendo o show e searrependendo por não terem vindo de carro.
Com relação ao descarte deresíduos a falha foi a mais evidente. Ao invés de serem implantadas ações paraa redução da quantidade de resíduos sólidos, sempre que possível, conformeprevia o Plano de Ações de Sustentabilidade, cada pessoa que consumia cervejapor exemplo usava não só a latinha como um copo descartável.

5)     CONSIDERAÇÕESFINAIS

A comunicação pode ser entendidacomo a constituição de vínculos, de interação, de interiorização no espaço dooutro, sendo a vida social a somatória desses vínculos dinâmicos, submetidos àscondições de tempo e espaço. Na atualidade, principalmente nos espaçosvirtuais, estamos submetidos a uma quantidade enorme de informações queconsomem nosso tempo mas não necessariamente estabelecem ou despertam vínculos.
A maioria dessas informações nãoconseguem entrar no espaço (físico e simbólico) do outro porque não admitem odiálogo. Comunicar a mensagem é sempre estar na passagem, no meio, entre o simesmo e o outro, na zona de perigo, na área da sedução, no crepúsculo de simesmo e na zona obscura do outro (BAITELLO in Menezes 2005). Portanto não seestabelece comunicação com a mera informação. O SWU seria uma ótima oportunidade de se estabelecer esses diálogos parapromover uma eficaz comunicação sobre sustentabilidade.
Os eventos tipo o SWU têm umpotencial enorme para estimular o diálogo de maneira simétrica e abrangente,colaborando, assim, para a melhor comunicação de uma mensagem. É possívelatingir os objetivos de negócios dos patrocinadores e organizadores, ao mesmotempo atendendo aos preceitos éticos da sustentabilidade. Para tanto os eventosdevem ser  utilizados como canais de mãodupla, para harmonizar os interesses das organizações e do público, por meio doestabelecimento de canais de diálogo que promovam o encontro público deinteressados em uma determinada temática, favorecendo a compreensão mútua e abusca por soluções de problemas comuns. Por meio de discursos e diálogosconvergentes em direção a práticas sustentáveis será viável uma transformaçãoem larga escala dos valores e comportamentos humanos.
Contudo, quanto mais avança acapacidade dos seres humanos de se comunicarem, mais aumentam as dificuldades,os entraves, as distorções. Assim, a comunicação concorre com a incomunicaçãoem todas as oportunidades de se manifestarem. Especificamente com relação àcomunicação ecológica, segundo José S. García e Maria S. Santiso, ela estásujeita a um duplo condicionamento: econômico e social. O primeiro faz com quea empresa busque o equilíbrio entre as necessidades de lucro, a satisfação docliente e o menor impacto possível no meio ambiente. Pela perspectiva social,busca estimular e facilitar a aceitação de ideias, atitudes ou comportamentossociais benéficos à sociedade em geral ou que buscam reprimir atitudesprejudiciais. Se enquadram nessa perspectiva as ações educativas einformacionais bem como a atuação da empresa no seu entorno natural promovendoa defesa do meio ambiente.
Podem fazer parte dessaperspectiva social ações de descomunicação ou de desmarketing para desestimulara compra de produtos que se usam uma única vez (GARCÍA e SANTISO 2010:12), comoas campanhas para diminuição do uso de copos descartáveis, estimulando o uso deprodutos duradouros ou reutilizáveis. No SWU essa descomunicação que é positivanão estava evidente, mas sim a incomunicação, o ruído, as mensagens truncadasque causam ceticismo ao invés de engajamento socioambiental.
Dentro do contexto de um mundomarcado quer pela inflação de imagens e sons, como pela dificuldade em se ver eouvir em profundidade (Menezes 2007), a comunicação do SWU deveria serinterativa e orquestral. Perdeu-se uma importante oportunidade para usar o ouvircomo disposição para sermos tocados pelas idéias da sustentabilidade, pela suaaplicabilidade e eficiência econômica.
Afinal, desperdício de recursosambientais representa cada vez mais custos, as empresas que não investirem emtecnologias verdes e em efetivo comprometimento socioambiental vão perdercompetitividade. Visto por esse prisma, os ideais verdes se tornam bempragmáticos. Sustentabilidade seria garantir rentabilidade com ética eresponsabilidade socioambiental, sem maquiagem verde, mas com efetivocomprometimento. Pouco adianta executivos e formadores de opinião pensarem emações isoladas, dissimuladoras. Têm de investir em tecnologia e em governança,para criar uma estrutura que propicie a sustentabilidade. Só assim serápossível aproveitar a janela de oportunidade e se lançar a frente dosconcorrentes, para implementar um modelo de negócio rentável esocioambientalmente responsável.
As iniciativas comunicacionais doSWU, contudo, foram estruturadas de acordo com a lógica do eco marketing e do greenwash,suas ações não foram verdadeiramente sustentáveis. Ao SWU, portanto, faltouação política, foi apenas um mega evento de entretenimento (por sinal muitobom, com excelentes bandas em um lugar agradável). Seria possível atingir osobjetivos de negócios dos patrocinadores e organizadores, ao mesmo tempoatendendo aos preceitos éticos da sustentabilidade socioambiental. O SWU foiuma tentativa nesse sentido, e, portanto, deve ser estudado, mas está repletode problemas, há muito ainda o que melhorar.
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Anexo 1

SWU – Compromisso Público deSustentabilidade

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19 07 2010

O movimento Starts With You (SWU) e ofestival que vem para celebrá-lo têm como principais objetivos inspirar,conscientizar e mobilizar, demonstrando que a sustentabilidade pode estarpresente em todas as ações e contribuindo para o estabelecimento de práticassustentáveis de forma inovadora.
Estamos atentos aos possíveis impactosde nossas atividades e afirmamos o compromisso de, em todos os eventos e ações,aplicar os princípios e padrões reconhecidos de ética, sustentabilidade, saúdee segurança e cumprir a legislação nacional.
Apresentamos, assim, os valores ediretrizes gerais que regulam o relacionamento com todos os nossos públicos eparceiros. Para saber mais detalhes de como cada um desses princípios serácolocado em prática, leia nosso Planode Ações.
Princípios, Diretrizes e Ações de Sustentabilidade do SWU
1. Direitos Humanos
Em todas as nossas atividades, atuamos conforme os princípios da DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos e outros padrões e tratados internacionais e nãotoleramos condições de trabalho degradantes, trabalho infantil, forçado ouanálogo ao escravo.
2. Direitos do Trabalho
Além de estarmos de acordo com a legislação trabalhista nacional, buscamos oferecercondições de trabalho adequadas a todos os que participam ou venham aparticipar da realização das ações e eventos. Cumprimos também todas asexigências, normas regulamentadoras e convenções legais pertinentes às relaçõese ambiente de trabalho, aplicáveis às nossas atividades.
3. Não-discriminação
Não aceitamos nenhuma forma de discriminação em função de cor, sexo, opçãosexual, religião, origem, classe social, idade ou condições físicas nasrelações com todos os nossos públicos.
4. Educação em sustentabilidade
Queremos
conscientizar, mobilizar e transmitir os valores da sustentabilidade a todosque estiverem de alguma forma no movimento, seja como participante, seja naorganização.

5. Inclusão Social
Em nossas contratações de serviços, daremos preferência, sempre que possível, àmão de obra local, cooperativas e micro e pequenos fornecedores, contribuindoassim para a geração de renda e inclusão social.
6. Saúde e Segurança
Empenhamos-nos para propiciar um ambiente saudável e seguro a todos os envolvidosem nossas atividades e eventos, por meio do estabelecimento de padrões rígidosde saúde e segurança, da avaliação de possíveis riscos e definição deprocedimentos para evitá-los.
7. Engajamento de Stakeholders
Acreditamos que o engajamento de todas as partes interessadas é essencial paraa obtenção de nossos objetivos. Queremos construir relacionamentos de troca eapoio que contribuam para fortalecer e difundir valores comuns. Assim, buscamosestabelecer parcerias, realizar trabalhos conjuntos e de inclusão com ascomunidades e compartilhar nossas diretrizes de sustentabilidade com todos osnossos públicos.
8. Transparência, ética e combate à corrupção
O relacionamento com todos os parceiros deve ser baseado em ética etransparência. Além disso, repudiamos e combatemos a corrupção em todas as suasformas e não aceitamos parcerias com instituições de idoneidade duvidosa.
9. Legislação Ambiental
Todas as nossas atividades e de nossos parceiros devem estar em conformidadecom leis e regulamentos ambientais.
10. Baixo Impacto Ambiental
Buscaremos sempre reduzir, compensar ou eliminar nossos impactos ambientais.Dessa forma, em todos os nossos eventos e ações, buscaremos cumprir com osseguintes aspectos e metas: a) realização de eventos de baixo carbono e desenvolvimentode processos para redução e mitigação das emissões de gases poluentes; b)preferência pelo uso de materiais reciclados ou recicláveis e que tenham origemcertificadas de acordo com padrões sócio-ambientais; c) destinação correta dosresíduos; d) desenvolvimento de processos para baixo consumo de água e energia;e) revitalização da área do festival.

Anexo 2

SWU – Plano de Ações de Sustentabilidade

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13 09 2010

Que tal ficar por dentro e entender otamanho do nosso Movimento?

Reforçando os objetivos explicitados em nosso Compromisso Público de Sustentabilidade, apresentamos o Plano de Ações de Sustentabilidade. A partir destas ações, esperamos contribuir para a ampliação da comunicação sobre a sustentabilidade e para o estabelecimento de práticas sustentáveis no Festival.

a. Direitos Humanos

Para assegurar que os princípios daDeclaração Universal dos Direitos Humanos e outros padrões e tratadosinternacionais sejam cumpridos em todas as etapas da organização do Festival,os fornecedores envolvidos estão assinando o Manual do Fornecedor.

b. Direitos do Trabalho

Por meio do Manual do Fornecedor,assinado por todas as empresas envolvidas no Festival, garantimos que essasatuem de acordo com a legislação trabalhista nacional, assim como osorganizadores do evento. Cumprimos também todas as exigências, normasregulamentadoras e convenções legais pertinentes às relações e ambiente detrabalho, aplicáveis às nossas atividades.

c. Não-discriminação

Na relação com todos os nossospúblicos, não é aceita nenhuma forma de discriminação em função de cor, sexo,orientação sexual, religião, origem, classe social, idade ou condições físicas,o que também é assegurado pelo nosso Manual do Fornecedor. No caso dosportadores de necessidades especiais, daremos toda a assistência necessária:
•  Vagas reservadas nosestacionamentos;
•  Entrada exclusiva;
•  Assistência na locomoçãodentro da arena do festival;
•  Banheiros adaptados;
•  Plataforma com vistaprivilegiada dos palcos;
•  Atendimento preferencial naspraças de alimentação;
•  Assistência de voluntáriospara qualquer ajuda.

d. Educação em Sustentabilidade

Buscamos conscientizar, mobilizar etransmitir os valores da sustentabilidade a todos que estiverem de alguma formano movimento e no festival, seja como participante, seja na organização. Dessaforma, esse objetivo está em toda nossa linha de ação.

Antes do evento

A educação em sustentabilidade estápresente em nossas campanhas publicitárias, nas ações realizadas comestudantes, nos flash mobs e em nossa comunicação online, por meio do nossosite e de redes sociais.
Além disso, todos os fornecedoresparticiparão de um treinamento coletivo para conhecer: o Compromisso Público deSustentabilidade, o Plano de Ação, o Manual do Fornecedor e um Guia comcondutas a serem seguidas durante a execução dos trabalhos relacionados aofestival.

Durante o festival

No festival, uma equipe de voluntáriosirá atuar junto ao público com o intuito de passar informações e dicas desustentabilidade. Teremos também grande volume de comunicação visual commensagens e dicas relacionadas ao tema e apresentação de diversas práticassustentáveis para educação e conscientização do participante.
Para endossar a proposta SWU,contaremos com a presença de ONGs no festival: será disponibilizado um espaçoexclusivo para que essas organizações possam expor e apresentar ao públicopresente os trabalhos que desenvolvem.
Por fim, teremos o Fórum Global deSustentabilidade, que, ao longo dos três dias do evento, trará especialistas,pensadores, empresários, representantes de entidades não-governamentais e deoutras iniciativas para discutir com o público alguns dos principais temas dasustentabilidade. Os debates serão realizados sob uma grande tenda montadadentro do espaço do festival. Durante os três dias serão abordadas questõescomo Negócios Sustentáveis (desenvolvimento de produtos e economia verde),Inclusão e Minorias (o papel das mulheres, dos grupos regionais e outrasminorias e o trabalho social em comunidades), Jovens e Meio Ambiente (comoa geração do futuro pode contribuir, desde já, para a construção de um mundosustentável).

e. Inclusão Social

Para contribuir com a geração de rendae a inclusão social, vamos contratar mão-de-obra local e pequenos fornecedores.Assim, haverá contratação de cooperativas regionais (Itu e Salto), paratrabalharem no tratamento de todo o resíduo do festival, e de uma cooperativada cidade de São Paulo, especializada em móveis recicláveis. São elas:

COMAREI – ITU

Cooperativa de recicláveis que temcomo objetivos o cooperativismo, a capacitação e a profissionalização doscatadores como  agentes  da  limpeza e proteção ambiental.Atende 45 famílias através da coleta, triagem e venda dos materiais recicláveisàs indústrias recicladoras. Tem uma ação inovadora por ser a responsável pelacoleta seletiva de lixo em toda cidade de Itu, sendo referência em todo Brasil. ACOMAREI estará presente na Estação de Reciclagem do SWU Music & ArtsFestival.

CORBES – SALTO

Cooperativa de Reciclagem BoaEsperança, localizada na cidade de Salto, desenvolve ações que proporcionam aacentuação dos valores difundidos pelo cooperativismo, com distribuição derenda e agregação de valor ao trabalho; sensibilização da população para areciclagem; e a validação do papel do catador como agente ambiental, primeiroelo da cadeia produtiva da reciclagem. Recentemente, a Corbes recebeu ocertificado internacional “Best Practices”, como uma das melhores práticassócio-ambientais do planeta, ganhando notoriedade mundial. Dar um destino útilao lixo é uma excelente alternativa para a preservação do meio ambiente etambém aumentar postos de trabalho. Na Corbes, por exemplo, atualmente, existem43 cooperados, que sobrevivem deste serviço e que estarão presentes nofestival.

ARTE EM PNEUS ASSOCIAÇÃO ARTESANAL – SÃO PAULO

É formada por Ecodesigners quepromovem saberes sustentáveis e consciência ecológica. Auxiliam odesenvolvimento criativo e mostram caminhos para despertar o artista dentro decada um, com respeito ao aprendizado mútuo e contínuo na relação do Facilitadorcom o grupo. São profissionais com experiência, que defendem com propriedade oconceito vivenciado e desenvolvido dia-a-dia pela Associação Artesanal que temfoco no estímulo criativo e na prática de atitudes ecológicas, assimdenominados Multiplicadores, pois replicam técnicas artesanais de transformaçãode materiais inservíveis ou descartados, para que mais pessoas possam absorvere desenvolver esse conceito e cada vez mais limpar o Meio Ambiente. Aassociação já percorreu diversas cidades para ensinar pessoas, especialmente osjovens, a fazer dinheiro ou mobiliar suas casas com os pneus velhos. Até agora,140 pessoas já foram capacitadas a tirar seu sustento desse tipo de reciclagem.Eles serão os responsáveis pelo mobiliário das áreas de descanso do festival.

f. Saúde e Segurança

Por meio do nosso Manual do Fornecedore do treinamento oferecido antes do evento a todos os fornecedores, procuramosgarantir um ambiente saudável e seguro a todos os envolvidos em nossasatividades.
Durante o Festival, contaremoscom  três empresas de segurança, posto policial móvel na entrada eoficiais da polícia turística que darão todo o apoio necessário para o público.Além disso, seguranças motorizados farão patrulha constante no local. Câmeras360° de alta definição e com infravermelho para gravar à noite vão auxiliar nomonitoramento e estarão espalhadas por toda a arena. Os seguranças estarãonumerados para garantir o padrão de qualidade no atendimento. O público terá umcanal direto para reportar qualquer abuso. Através dessa identificação serápossível substituir profissionais que não respeitarem as políticas de segurançado SWU.
O público do SWU Music and ArtsFestival contará também com atendimento de saúde 24h na Arena Maeda. Serão 15postos médicos espalhados pelo local, com profissionais qualificados,ambulâncias e um helicóptero ficará disponível para remoção, em casos deurgência.

g. Engajamento de Stakeholders

Acreditamos que o engajamento de todasas partes interessadas é essencial para a obtenção de nossos objetivos e para adifusão de valores comuns. Assim, buscamos estabelecer parcerias, realizartrabalhos conjuntos e compartilhar nossas diretrizes de sustentabilidade comtodos os nossos públicos.

Fornecedores e Prestadores de Serviços em Geral

Foi criado um Manual para todos osnossos parceiros, de forma que possamos compartilhar nossas diretrizes eprincípios e garantir que os aspectos da sustentabilidade estejam presentes emsuas atividades e na execução de seus serviços.

Endomarketing Grupo Totalcom

No lançamento da campanha, oscolaboradores do grupo Totalcom receberam um kit com ecobag, livro verde e umacamiseta e foram convidados a assinar o manifesto do movimento, engajando-se aoSWU. A campanha interna foi composta por uma série de peças espalhadas pelaagência para despertar o olhar dos colaboradores para as pequenas atitudes quepodem gerar grandes mudanças no ambiente de trabalho.

Guia para staff de patrocinadores

Todos os profissionais que não fazemparte da equipe de produção do Festival, mas farão parte do evento recebem umacartilha contendo: conceito do movimento; guia de procedimentos dentro da áreado evento com a padronização do sistema de descarte, funcionamento da centralde reciclagem, política de redução de impactos ambientais (racionalização douso de recursos – energia, água e materiais, além da mitigação de carbono);política de ética na contratação de mão de obra.

Endomarketing patrocinadores

Os patrocinadores tambémlançaram campanhas internas para engajar seus funcionários no movimento SWU.São diversas ações como: e-mail marketing, dicas e cartazes com mensagens sobreo movimento.

Comunidade Local

O engajamento da comunidade local sedará por meio das ações de inclusão social e contratação de fornecedoreslocais, que também receberão nosso Manual do Fornecedor e o treinamento dado atodos os outros fornecedores.

Governo

Foram realizadas ações de engajamentocom órgãos governamentais. Assim, contamos com o apoio oficial da Secretaria doVerde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo e da Prefeitura de Itu.

Público em geral

Ações pré-festival
Durante os meses precedentes aofestival têm sido realizados concursos, flash mobs e campanhas, procurandocomunicar e conscientizar os participantes sobre questões relacionadas àsustentabilidade. Além dessas ações, o público do festival poderá acessar,através do portal SWU, um Guia de Conduta contendo informações sobre condutasseguras e sustentáveis, como: Acesso, Lixo, Consumo Consciente, Hospedagem,Acessibilidade, Alimentação, Pertences Pessoais, Cuidados Gerais.
Ações durante festival
Em todo o recinto do evento, haverágrande volume de comunicação visual com mensagens e dicas relacionadas ao temae apresentação de práticas diversas para educação e conscientização doparticipante.

h. Utilização de voluntários

Estão sendo selecionados 60voluntários, por meio de inscrições realizadas pela internet. Esses voluntáriosserão responsáveis pelo apoio aos deficientes físicos, monitoramento das açõesambientais (central de triagem, cultura orgânica, distribuição de bota-bitucas,informação ao público, camping e catering, praça de alimentação e acesso). Oobjetivo desse recrutamento é formar multiplicadores do movimento no Festival enas comunidades em que atuam. Esse grupo, chamado de Angels, tem a oportunidadede ver o festival por um ângulo diferente: uma visão de dentro do festival,trabalhando e sendo parte importante na formação deste movimento. Os Angels sãoa ponte de conexão entre organização e público. Os Angels são também agentesmultiplicadores, pessoas que vão ao festival ajudar e que depois do festivalvão poder aplicar tudo o que viram lá no seu dia-a-dia e levar essa ideia àdiante.

i. Transparência, ética e combate àcorrupção

Temos pautado o relacionamento comtodos os parceiros na ética e transparência e não aceitamos nenhuma forma decorrupção. Asseguramos isso por meio de nosso Manual do Fornecedor e de nossoCompromisso Público de Sustentabilidade.

j. Legislação Ambiental

Por meio de nosso Manual doFornecedor, procuramos assegurar que todas as nossas atividades e de nossosparceiros estejam em conformidade com leis e regulamentos ambientais.

k. Baixo Impacto Ambiental

Nosso compromisso público de realizarum evento que busque, sempre que possível, reduzir, compensar ou eliminar seusimpactos ambientais, será garantido por meio do nosso Manual do Fornecedor e dediversas ações a serem realizadas no Festival. Abaixo, explicitamos algumasdessas atividades.

Consumo de energia

Em todas as nossas ações buscaremosprocessos para garantir baixo consumo de energia:
Geradores: a maiorparte da energia do festival virá de geradores, sendo que todos eles funcionamà base de biodiesel.
Ilha de Energia Solar: além de divulgar a tecnologia de geração de energia solar, estamosrepondo uma parte da energia consumida pelo evento por uma energia geradaatravés de uma fonte limpa.
Celularia e Totem de Energia Solar: iremos deixar à disposição do público aenergia gerada pela Ilha de Energia para recarga de celulares e afins.
Difusor de iluminação natural: tecnologia inovadora para difusão de iluminação solar, evitando oconsumo de energia elétrica. Essa tecnologia será utilizada para iluminação dacentral de reciclagem e da celularia.
Economia de Energia do Público: quem levar conta de luz que comprove a redução no consumo de energia noúltimo mês poderá comprar produtos SWU com 10% de desconto.
Uso de Lâmpadas LED:serão utilizadas sempre que possível, como nos telões dos palcos principais.
Uso de sensores de iluminação durante a noite nas áreas de camping.

Emissões de gases poluentes

Sempre que possível, iremos reduzirnossas emissões e buscaremos mitigar parte delas.
Mitigação de carbono: será realizado o plantio de milhares de árvores em área de preservaçãopermanente na reserva de Mata Atlântica de Itu, próximo ao local de realizaçãodo evento. O plantio será realizado pela SOS Mata Atlântica, que certifica emonitora através do projeto Florestas do Futuro. Esse plantio é suficiente paraa absorção de toneladas de carbono equivalentes às emissões de consumo degeradores, transporte aéreo de artístico, traslados, montagem e desmontagem.
Uso de geradores a biodiesel e placas de energia solar para a geração de energia do Festival.
Estímulo à redução da utilização de veículos automotores, privilegiando participantes que aderirem àCarona Solidária: descontos em estacionamento e pista preferencial para carroscom mais de três pessoas.
Estímulo ao uso de transporte público: ônibus saindo de 4 bolsões em locais de fácilacesso da capital.

Descarte de Resíduos

Serão implantadas ações para a reduçãoda quantidade de resíduos sólidos, sempre que possível. Além disso, será dadadestinação correta a todos os resíduos resultantes de atividades relacionadasao evento.
Estação de Reciclagem: todo o resíduo gerado pelo evento será encaminhado à estação de reciclagem.Nesse local, os recicláveis serão separados, compactados e pesados, ficandoprontos para a reciclagem. O público terá visibilidade de todo o processo. Porfim, estes resíduos serão destinados a cooperativas de catadores da região.
Catering: Nãoserão utilizados talheres e pratos descartáveis no catering do festival.
Cultura Orgânica:a cultura orgânica receberá todo o resíduo orgânico gerado pelo evento, queserá separado e destinado para a compostagem. Além da função de reciclagem,essa estação irá demonstrar ao público técnicas domésticas de gestão de resíduoorgânico. Serão expostas também técnicas de cultivo de hortaliças e alimentosorgânicos em culturas domésticas.
Distribuição de bota-bituca: para incentivar a correta destinação do microlixo serão distribuídosbota-bitucas para o público do festival.

Uso de materiais

Sempre que possível, daremospreferência ao uso de materiais reciclados ou recicláveis e que tenham origemcertificada, de acordo com padrões sócio-ambientais.
Móveis: Grandeparte dos móveis do festival será feita de material reciclado, principalmente,pneu e mesas feitas de tubos de pasta de dente.
Material gráfico:press kit, cartazes, flyers e books são produzidos utilizando papel certificadoe tinta à base de água.
Cenografia/Estrutura: em partes da cenografia, utilizaremos contêineres reaproveitados. Orestante será feito com materiais reciclados e madeira certificada. As pinturasserão feitas com tinta à base de água. Para diminuir o uso de materiais, muitasdas artes serão feitas com projeções e LEDs. Todas as tendas são alugadas epoderão ser reaproveitadas em outros eventos.
Tinta Cerâmica:Tinta branca à base de cerâmica que diminui a temperatura interna de ambientese reflete os raios solares, diminuindo a absorção de calor, contribuindo para aredução de temperatura externa.

Consumo de Água

Em todas as nossas ações buscaremosprocessos para garantirmos baixo consumo de água.
Banho Camping:vamos priorizar o consumo mínimo de água no evento. As duchas dos campingsterão temporizador e o máximo de tempo que as pessoas poderão ter de banho são7 minutos.

Impacto no Trânsito Local e Logística de Transporte

Estamos trabalhando para criar omáximo de alternativas de transporte para, além de dar conforto ao público,oferecer também segurança e agilidade sem causar transtornos aos demaisusuários das rodovias envolvidas e, principalmente, diminuir a poluição.
Faremos uma ampla campanhaincentivando as pessoas a se organizarem em grupos (com amigos e através dasredes sociais) e participarem da carona solidária. A ação se dará da seguinteforma: quanto mais pessoas no veículo, menor o valor pago pelo estacionamento.
Além disso, bolsões de estacionamentoserão criados: dois no entorno da cidade de Itu e quatro em São Paulo. Elesfuncionarão com valores mais baixos que os outros estacionamentos do Festival econtarão com transporte direto para a Arena Maeda em diversos horários.
Serão montadas centrais de informaçãonos principais postos de combustível das rodovias que dão acesso ao evento. Nospedágios, panfletos com mapas orientarão sobre os acessos e cuidados que omotorista deve ter na rodovia. Faixas de sinalização e orientação serãoinstaladas ao longo das estradas.
Para quem utilizar o carro, novosacessos estão sendo criados, além da estrada principal. Teremos acesso só paraônibus, vans e táxis; outro que será utilizado por artistas, caminhões deequipamentos, ambulâncias e acesso das caravanas; e, por fim, um acesso paracarros e outros.


[1] Mestranda em Comunicação pela Cásper Líbero, Linha de Pesquisa ProcessosMidiáticos: Tecnologia e Mercado, Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura doOuvir. 

COMÚSICA, Maceió, 2011

Clique aqui para fotos sobre o evento.

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Palestra ministrada por Danielle Denny, dia 2/12/11, em Maceió:

Link para o material projetado duranta a apresentação.


Resumo expandido:


OFESTIVAL SWU NO CONTEXTO DA ECONOMIA DA COMUNICAÇÃO



Aeconomia dos bens informacionais e imateriais tem sofrido o impacto econômicodas revoluções tecnológicas que fazem com que a informação seja cara para ser produzida,mas extremamente barata para ser utilizada e reproduzida. As técnicas deaprisionamento de conteúdo e os monopólios de bens simbólicos e culturais foramprofundamente alterados pelas novas tecnologias que disponibilizaram formas rápidase fáceis de compartilhamento de dados. Nesse contexto, a indústria culturalainda procura um novo modelo de negócio que possa garantir sua viabilidadeeconômica. A promoção de festivais musicais parece ser uma saída, inclusive,muito rentável. Por outro lado, as apresentações musicais em eventos coletivoscomo os festivais de música são capazes de gerar um ambiente privilegiado paraintervenções de forma a favorecer a educação, despertar e promover a postura éticae ecológica dos participantes. Pela memória musical, experiências sonoras podemser vinculadas a determinadas atitudes e, assim, promover ações e compromissosecológicos. O caso concreto sob análise é o SWU 2010 (sigla de Starts With You ou Começa Com Você) que tinha como objetivo articular a educomunicaçãoambiental à imersibilidade sonora nos três dias de festival realizado emItú/SP, na Fazenda Maeda, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010. O presenteartigo identifica que a sustentabilidade foi usada meramente para promover oconsumo durante o SWU. Conclui que, contrariando as expectativas, não houve adefesa efetiva dos valores éticos da sustentabilidade, ou o uso do ambiente musicalpara promover informação socioambiental. Perdeu-se uma importante oportunidadepara usar o ouvir como disposição para sermos tocados pelas idéias dasustentabilidade. As iniciativas comunicacionais do SWU foram estruturadas deacordo com a lógica do eco marketing e do eco capitalismo, suas ações não foramverdadeiramente sustentáveis. Ao SWU, portanto, faltou ação política, foiapenas uma megacampanha publicitária de comunicação de massa que usou a defesa dasustentabilidade para se promover mas não traduziu os valores socioambientaisem uma plataforma de informação e entretenimento. Em seu site o SWU pretendia serum movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores depaz, amor, consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maior númeropossível de pessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidade seriamostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, aspessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para se viver. Contudo, aprincipal mensagem passada pelo SWU foi que a sustentabilidade pode ser usadapara aumentar os preços, diminuir os custos e ganhar competitividade perante osconcorrentes, reafirmando os princípios básicos da economia da comunicação. Sob a bandeira dasustentabilidade muita gente trabalhou de graça, foram conseguidos incentivosfiscais e parcerias com secretarias do Meio Ambiente. Além disso, bandas quenão viriam se fosse um concerto comum, simplesmente patrocinado por empresas comoNestlé, Heineken e OI, por exemplo, vieram só porque o evento se propunha éticoe socioambientalmente comprometido. Ou seja, o uso econômico dos valoressocioambientais foi fundamental para viabilizar o modelo de negócio do SWU. A análiseteórica do presente artigo é feita sob a perspectiva dos valores econômicos, davinculação, da comunicação orquestral, da (in)comunicação, da verticalidade, dacultura do ouvir, dos diálogos e dos discursos. Este artigo parte de umaanálise de caso, segue a metodologia fenomenológica e tem como referencialteórico autores como Shapiro(1999), Castells (2009), Winkin (1998), Flusser(2007), Pross (1980), dentre outros.
Palavras-chave:Economia da comunicação. Música. Sustentabilidade. Educação. Comunicação eIncomunicação.

DanielleDenny é mestranda em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP,Linha de Pesquisa Processos Midiáticos: Tecnologia e Mercado, Grupo de PesquisaComunicação e Cultura do Ouvir.
Colegas,postem aqui seus comentários sobre o evento e o material que consideraremrelevante. Abraços saudosos.

>SWU FOI ECO MARKETING E ECO CAPITALISMO, NÃO MOVIMENTO SOCIOAMBIENTAL

>SWU FOI ECO MARKETING E ECO CAPITALISMO, NÃO MOVIMENTO SOCIOAMBIENTAL

Artigo sobre O SWU (sigla em inglês para Começa Com Você)

Danielle Denny

Mestranda em Comunicação Social pela Cásper Líbero, Programa de Mestrado em Comunicação na Contemporaneidade, Linha de Pesquisa Processos Midiáticos: Tecnologia e Mercado.

Resumo:
O presente artigo identifica que a sustentabilidade foi usada para promover o consumo durante o SWU. Conclui que, contrariando as expectativas, não houve a defesa efetiva da sustentabilidade ou a informação pelo entretenimento. E analisa o evento sob a perspectiva da vinculação, da comunicação orquestral, da (in)comunicação, da verticalidade, da cultura do ouvir, dos diálogos e dos discursos. O artigo parte de uma análise de caso e tem como referencial teórico autores como Winkin, Flusser, Pross, Baitello, Menezes dentre outros.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Eco Publicidade, Eco capitalismo. Comunicação ecológica, Meio ambiente, Responsabilidade social, Educação, Comunicação e Incomunicação.

SWU was eco marketing and eco capitalism rather than an environmental-social movement

Abstract
Resumo:
This paper identifies that during SWU, consumption was busted on the expenses of sustainability. Against what was expected, there was no effective defense of green values and the entertainment did not sufficiently promoted information about sustainability. The theories approached are linkage, orchestral communication, (in)communication, verticality, hearing culture, dialogs and discourses. The paper is a case study which articulates the following authors: Winkin, Flusser, Pross, Baitello, Menezes among others.

Keywords: Sustainability, Eco marketing, Eco capitalism. Eco communication, Environment, Social responsibility, Education, Communication and non communication.

1. SWU

O SWU (sigla em inglês para Começa Com Você) era para ser uma mega campanha publicitária de comunicação de massa em defesa da sustentabilidade, traduzida em uma plataforma de informação e entretenimento. Em seu site o SWU se pretende um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores de paz, amor, consciência e atitude teria o intuito de mobilizar o maior número possível de pessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidade seria mostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, as pessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para se viver.

O idealizador do movimento foi Eduardo Fischer, presidente do Grupo Totalcom, holding de agências publicitárias com atuação no Brasil, na Argentina e em Portugal e cujo capital social é 100% brasileiro. Contou com a parceria da produtora de shows The Groove Concept e da Consultoria Visão Sustentável. Os principais patrocinadores foram Nestlé, Heineken e OI.

A premissa do movimento seria que pequenas atitudes podem gerar grandes mudanças.

A manifestação empírica desse movimento se deu durante os dias 9, 10 e 11 de outubro de 2010, na fazenda Maeda, em Itu (SP) com a realização do Fórum Global de Sustentabilidade e do SWU Music and Arts Festival, para um público de 164,5 mil pessoas.

1.1. Fórum Global de Sustentabilidade

O Fórum funcionou entre 12h e 14h40, com apresentações de palestrantes e debates sobre os temas Negócios Sustentáveis, Inclusão de Minorias e Jovens e Meio Ambiente. A participação do público, contudo, ficou muito reduzida. Apenas 3 mil pessoas compareceram às 29 palestras de convidados nacionais e internacionais. Algumas das razões que podem ser apontadas para esse insucesso são, primeiro, o horário exíguo e desvinculado dos eventos do festival de música e, segundo, problemas práticos, como o comprometimento de boa parte do público alvo dessas palestras com as filas dos banhos ou para alimentação.

O fórum deveria ficar aberto durante todo o evento. Suas palestras deveriam ter sido gravadas e disponibilizadas para o público que chegasse fora do horário. E depois na internet para o público em geral.

Deveria haver ações inclusivas que envolvessem as pessoas que já estivessem no evento no horário das palestra. Mas nem a programação o público recebia. As pessoas do camping estavam presas às filas do banho ou às do restaurante, não podendo comparecer. E não havia estímulos para a participação. As ONGs poderiam ter sido usadas para isso. Atividades lúdicas e inclusivas poderiam ter sido implementadas para despertar o interesse do público e consequentemente aumentado a audiência dessas palestras.

Todo o material produzido pelos 24 speakers e outros 20 convidados entre especialistas, pensadores, empresários e representantes de entidades não-governamentais, foi perdido. Se estivesse disponível de forma mais abrangente durante o evento e depois na internet, poderia estar repercutindo até o momento.

1.1. SWU Music and Arts Festival

O festival de música teve 74 atrações musicais, 700 músicos nos palcos e mais de 50 horas de música. Começava por volta das 15h e terminava depois das 2h, com shows de diversas bandas distribuídos por 4 palcos. Essa parte foi um sucesso, com exceção de alguns atrasos, como por exemplo do show do Pixies e falhas técnicas, como a falta de som e de imagem durante a apresentação do Rage Against the Machine.

No dia 9 de outubro, no Palco Água, foram: 15h45 – Brothers of Brazil, 16h50 – Macaco Bong, 18h40 – Mutantes, 20h55 – The Mars Volta. No Palco Ar: 16h15 – Black Drawing Chalks, 17h35 – Infectious Grooves, 19h50 – Los Hermanos, 22h05 – Rage Against the Machine. Na Tenda Heineken Greenspace: 15h – Glocal, 16h – Killer on the Dance Floor, 17h – The Twelves, 18h – Switch, 19h15 – MSTRKRFT, 20h45 – The Crystal Method, 23h59 – DJ Marky, 01h15 – Steve Angelo. No Palco Oi Novo Som: 14h40 – Banda Batalha das Bandas, 15h20 – Letuce + qinhO, 16h10 – Sobrado 112, 17h – Superguidis, 17h50 – Curumin & The Aipins, 18h45 – Mallu Magalhães, 19h45 – Cidadão Instigado, 20h50 – The Apples in stereo.

No dia 10 de outubro, no Palco Água: 14h – Ilo Ferreira, 15h40 – Jota Quest, 17h45 – Sublime with Rome, 19h55 – Joss Stone, 22h55 – Kings of Leon. No Palco Ar: 14h50 – Teatro Mágico, 16h40 – Capital Inicial, 18h45 – Regina Spektor, 21h – Dave Matthews Band. Na Tenda Heineken Greenspace: 16h30 – Mario Fischetti, 17h45 – Nike Warren, 19h – Life is a Loop, 20h15 – Sander Kleinenberg, 21h30 – Roger Sanchez, 22h45 – Sharam, 00h15 – Markus Schulz. No Palco Oi Novo Som: 14h40 – Banda Batalha das Bandas, 15h20 – Luisa Maita, 16h20 – Volver, 17h20 – Lucas Santtana, 18h30 – Tulipa Ruiz, 19h40 – Rubinho e a Força Bruta, 20h50 – Bomba Estéreo, 22h10 – Otto.

No dia 11 de outubro, no Palco Água: 15h05 – Gloria, 16h10 – Rahzel, 17h45 – Cavalera Conspiracy, 19h55 – Incubus, 22h20 – Pixies, 01h35 – Tiesto. No Palco Ar: 14h30 – Alan Johanes, 15h35 – Crashdiet, 17h – Yo La Tengo, 18h50 – Avenged Sevenfold, 20h55 – Queens of the Stone Age, 23h25 – Linkin Park. Na Tenda Heineken Greenspace: 15h30 – Anderson Noise, 16h45 – Anthony Rother, 18h – Aeroplane, 19h15 – Mix Hell, 20h30 – Gui Boratto, 21h45 – Erol Alkan. No Palco Oi Novo Som: 14h40 – Banda Batalha das Bandas, 15h30 – Tono, 16h30 – Fino Coletivo, 17h30 – Mombojó, 18h35 – Autoramas, 19h40 – BNegão & Seletores de Frequência, 20h50 – Josh Rouse, 22h10 – CSS (Cansei de Ser Sexy)

O festival de arte recebeu instalações de Eduardo Srur, Urban Trash Art, Bijari, Oficina Jamac, Flávia Vivacqua, Cooperaacs. Além disso, promoveu a exposição “Brasil em Chamas” em homenagem a Frans Krajcberg, sob curadoria de Sergio Caribe, com 7 esculturas e 8 fotos do artista. Apesar de ser permanente, ou seja, podia ser experimentado durante o festival de música, as obras eram poucas e muito dispersas pelo grande espaço do evento (233 mil m2) o que desestimulava o acesso e o interesse do público.

Para quem tinha a expectativa de encontrar obras impactantes, que causam estranhamento e envolvem o público, como normalmente são as instalações do curador do festival, Eduardo Srur, a mostra foi frustrante. Esse artista é conhecido por instalar garrafas pet gigantes e iluminadas nas bordas do rio Tietê e por prender barracas de camping coloridas nos prédios monocromáticos de São Paulo.

2. ECO publicidade.

A tendência na publicidade mundial tem sido buscar equilíbrio e modernidade. Sob essa perspectiva a eco publicidade faz comunicação com responsabilidade ambiental. As campanhas eco publicitárias vão muito além da simples utilização de materiais reciclados, incentivam o uso de mídias menos agressivas, mais atraentes e econômicas, mitigam a quantidade de dejetos produzidos pela campanha, utilizam materiais e processos de baixo impacto ambiental.

Os exemplos mais comuns são os usos de mídias digitais, de tintas à base de água ou de base vegetal, nas quais o petróleo é substituído pelo óleo de soja, e de papéis reciclados e de reflorestamento, sem adição de cloro. Ethel Shiraishi Pereira explicita alguns exemplos:
A proposta de realização de eventos sustentáveis começa a ser incorporada ao dia a dia das empresas e surge uma série de “dicas”, tais como: a utilização de materiais reciclados e reutilizáveis, a coleta e destinação correta dos resíduos gerados pelo evento, a neutralização das emissões de gás carbônico (devidamente certificada por consultorias especializadas que calculam a quantidade de poluentes gerados com o processo de organização do evento, como, por exemplo os poluentes gerados pelo transporte dos organizadores e dos participantes do eventos, para posterior compensação por meio do plantio de árvores); cuidados com a acessibilidade do local; racionalização do uso da água e de energia elétrica; utilização de alimentos orgânicos; utilização de “brindes verdes” ou produzidos por comunidades carentes; incentivo ao comércio justo; promoção de ações sociais, culturais e de campanhas educativas, de incentivo à preservação ambiental.

Dessa forma, a eco publicidade busca associar o marketing do produto e a imagem da empresa às boas práticas ambientais. Para tanto, precisa utilizar parceiros e fornecedores que também sejam comprometidos com a produção de baixo impacto ambiental, de preferência certificados o que, via de regra, aumenta o preço de produção.

Segundo bem ressalta Ethel Shiraishi Pereira:
os eventos considerados sustentáveis estão contribuindo para a legitimação dos discursos organizacionais que, cada vez mais, se apropriam do termo “sustentabilidade” para, diante da impossibilidade de ocultar o quanto suas ações estão prejudicando o meio ambiente, demonstrar aos seus públicos de interesse que estão preocupadas com as questões ambientais (…) Como mecanismo de legitimação de seus discursos organizacionais, as empresas fazem uso intenso do conceito de desenvolvimento sustentável e passam a promover ações muitas vezes calcadas em estratégias de marketing e de relações públicas apenas visando à promoção de sua imagem junto à sociedade, cada vez mais exigente de seus direitos como consumidores e cidadãos.

Hans Jöhr, já em 1994, estabelece um roteiro para a eco publicidade:
1. colocar objetivos de marketing em termos ecológicos.
a. Assegurar a competitividade a longo prazo dos produtos;
b. Definir a participação no mercado em percentagem (%) e em faturamento (R$);
c. Definir prazos e novos nichos de mercado para produtos ecológicos;
d. Ampliar a imagem e o grau de conhecimento por parte do público das características dos produtos ambientalmente “limpos”.
2. formular prioridades e objetivos por:
a. linhas de produtos ou produtos individuais;
b. segmentação de grupos ou classes de poder aquisitivo;
c. regiões ou estados
3. planejar ações de marketing integralmente com a produção.
a. Desenvolver produtos com materiais recicláveis ou reutilizáveis, que sejam produzidos sem agredir o meio ambiente (por exemplo, certos tipos de plásticos).
4. dar destaque à publicidade, relações públicas e mídia.
a. Manter um bom relacionamento com a mídia;
b. Usar a nova onda de preocupações do consumidor com o meio ambiente e reforçá-la através de propaganda;
c. Com argumentos ecologicamente corretos, criar uma imagem forte da empresa comprometendo-se com a ecologia;
d. Utilizar argumentos absolutamente verdadeiros, que possam ser verificados e controlados;
e. Participar com “ações ambientalistas” na comunidade vizinha à empresa, como forma de apoio institucionalizado (participar em ONGs, por exemplo)..
5. na política de distribuição.
a. Na logística, utilizar transportes menos poluidores e mais econômicos em energia;
b. Negociar, entre fornecedor e comerciante, canais de distribuição que facilitem a redistribuição de materiais de reciclagem
6. na política de preços e de promoções.
a. Se os preços dos produtos ecológicos estão mais altos que os dos concorrentes, explicar detalhadamente o porquê da diferença (a diferenciação de preço pelo plus da ecologia);
b. Verificar se os produtos mais caros podem ser barateados através de um mix de preços com os outros produtos.
7. na organização do marketing.
a. Verificar se todos os integrantes da organização estão vestindo a camisa,
b. Fornecer todas as informações e treinar o pessoal de marketing;
c. Criar uma “identidade ecológica” que garanta comportamentos adequados (jamais pregar um princípio ou norma de conduta se você não acredita…);
d. Estabelecer um núcleo ecológico formado por membros responsáveis de marketing, que devem se reportar à diretoria da empresa nas ações planejadas;
e. Criar um sistema de informações com a simulação de que tenham sido realmente atingidos os objetivos (por exemplo, controlling ecológico e sistemas de bônus ou gratificações).

O roteiro de Hans Jöhr foi em grande parte seguido pela equipe do SWU, mas houve falhas. Apesar de propor a reciclagem do lixo produzido, o evento não utilizou produtos com materiais recicláveis ou reutilizáveis, que tivessem sido produzidos sem agredir o meio ambiente.

A atuação das ONGS foi muito limitada. As “ações ambientalistas” na comunidade vizinha limitaram-se ao uso de cooperativas para reciclagem de lixo. Um grande número de pessoas de Itú poderia ter sido mobilizada para prestar serviços ou fornecer produtos para o evento. Poderia haver uma tenda de frutas e legumes produzidos na região, por exemplo.

Os preços altos, as demoras e as filas para os produtos e serviços disponíveis no SWU eram justificados apenas de forma abstrata como ecológicos. Não havia uma explicação detalhada sobre o porquê da diferença. Pelo contrário, a diferenciação de preço e tempo pelo plus da ecologia foi percebida pelo público como engodo, para justificar lucros maiores.

Além disso, a camisa da sustentabilidade não foi vestida por todos os trabalhadores do evento. Lixo e bitucas eram jogados no chão pela equipe uniformizada como do evento. Houve mal tratamento dos prestadores de serviço de limpeza, conforme presenciado pela autora. E portadores de necessidades especiais foram protelados em detrimento das equipes de cobertura jornalística, por exemplo

3. ECO capitalismo

O eco capitalismo é uma modalidade ainda mais selvagem que o capitalismo tradicional. Pois na ótica do menor preço maior benefício, pelo menos a água e a comida, condições para sobrevivência dos oprimidos tende a ser garantida pelo sistema. Sob o eco capitalismo, contudo, a exploração mais além, sob a desculpa de se promover a sustentabilidade praticam-se preços abusivos, limitando o acesso das pessoas aos bens de sobrevivência.

Preços da comida e da água no SWU eram exorbitantes. Não se promovia a agricultura local, nem o uso consciente de recursos, pelo contrário. A luz ficava acesa 24horas no camping mas nos toilletes não havia luz. A água do chuveiro era potável e trazida por carros pipa a diesel, sem ser reutilizada. No banho, uma vez aberta a torneira, não havia meio de fechá-la para ensaboar-se, por exemplo, o fluxo de água corria ininterruptamente por 7 minutos. Não havia pias, as pessoas tinham de usar água mineral (R$4 cada 250ml) para escovar os dentes e lavar as mãos, por exemplo.

Além disso, sob a bandeira da sustentabilidade muita gente trabalhou de graça e foram conseguidos incentivos fiscais e parcerias com secretarias do Meio Ambiente. Bandas que não viriam se fosse um concerto comum ou patrocinado por uma empresa de cervejas, vieram só por ter essa vinculação ética.

4. Descumprimento do Plano de Ações de Sustentabilidade de 13 de setembro de 2010

Em contraste com o compromisso de respeito aos direitos humanos e trabalhistas, a autora presenciou protesto de funcionários terceirizados da empresa T e J que foram deixados horas esperando sem comer e em pé. “Ninguém aqui e bicho! Tem gente desmaiando de fome!” Essas eram algumas das frases gritadas pelos terceirizados.

Não havia cadeiras ou bancos onde gestantes e idosos pudessem sentar e os portadores de necessidades especiais tinham de disputar lugar com as equipes de televisão que usavam o espaço reservado aos PNEs para conseguir uma visão melhor do palco. Os PNEs eram, inclusive, algumas vezes, impedidos de entrar na plataforma com vista privilegiada dos palcos em tese reservada para eles em virtude da movimentação no acesso e das equipes televisivas. Esses fatos violam a cláusula de não-discriminação.

A autora não recebeu assistência nem notou a presença de voluntários, que segundo o Plano de Ações de Sustentabilidade, estariam disponíveis para qualquer ajuda, ou disponíveis para passar informações e dicas de sustentabilidade.

A presença das ONGs no festival, foi muito restrita. Não puderam levar número suficiente de voluntários para implementar ações proativas e ficaram confinadas a um espaço exclusivo, longínquo, que não despertava o interesse do público em geral.

Da mesma forma o Fórum Global de Sustentabilidade, ficou limitado a horário específico e distante do grande público. Ficou perdido o material produzido pelos especialistas, pensadores, empresários, representantes de entidades não-governamentais e de outras iniciativas para discutir com o público alguns dos principais temas da sustentabilidade. Não houve disponibilização desse material nem durante o evento nem depois online.

Violou-se ainda o compromisso de inclusão social, uma vez que todos os alimentos e bebidas eram provenientes de grandes redes, Não houve contratação de mão-de-obra local e pequenos fornecedores a não ser para lidar com o lixo.

Também foi desrespeitada a cláusula Saúde e Segurança pois o público não teve um canal direto para reportar qualquer abuso, conforme estava previsto. Durante os três dias a autora tentou, sem sucesso entrar em contato com alguém da produção que se responsabilizasse pelas falhas. Todos os contatados disseram não saber com quem entrar em contato. A única saída seria, segundo todos, mandar um email. Ocorre que aos emails a produção também não respondia (nem antes do evento, nem durante, nem depois). Somente no dia 20 e outubro, depois de diversas tentativas, a autora conseguiu estabelecer contato com a equipe do SWU por email, no endereço: info@swu.com.br.

Com relação ao estímulo ao uso de transporte público, houve o contrário, um desestímulo ao transporte público e o uso insustentável dos meios de transporte. O ônibus de São Paulo passava pela frente da fazenda Maeda, mas ia até Itu, para depois outro ônibus ser tomado para a Fazenda, o que origina gasto extra de combustível por pelo menos 40 minutos. Além disso, o ônibus não estava informado sobre onde deveria deixar os diferentes públicos, assim, os campistas foram deixados em outro lugar quando deveriam ter sido deixados no setor de triagem, perdendo o show e se arrependendo por não terem vindo de carro.

Com relação ao descarte de resíduos a falha foi a mais evidente. Ao invés de serem implantadas ações para a redução da quantidade de resíduos sólidos, sempre que possível, conforme previa o Plano de Ações de Sustentabilidade, cada pessoa que consumia cerveja por exemplo usava não só a latinha como um copo descartável.

5. Vínculos e comunicação orquestral

A comunicação pode ser entendida como a constituição de vínculos, de interação, de interiorização no espaço do outro, sendo a vida social a somatória desses vínculos dinâmicos, submetidos às condições de tempo e espaço. Na atualidade, principalmente nos espaços virtuais, estamos submetidos a uma quantidade enorme de informações que consomem nosso tempo mas não necessariamente estabelecem ou despertam vínculos. Para Norval Baitello Junior:
Vivemos (e morremos) nos excessos do tempo e no tempo dos excessos. Os excessos do tempo trazem, por um lado, a aceleração, o estresse, a pressa, por outro, a desocupação, o desemprego, o tempo esvaziado. E o roubo do tempo: o tempo de vida que nos é roubado pelas cidades e seus excessos ou pela mídia e suas hipérboles.

A maioria dessas informações não conseguem entrar no espaço (físico e simbólico) do outro porque não admitem o diálogo. Comunicar a mensagem é sempre estar na passagem, no meio, entre o si mesmo e o outro, na zona de perigo, na área da sedução, no crepúsculo de si mesmo e na zona obscura do outro (BAITELLO in Menezes 2005). Portanto não se estabelece comunicação com a mera informação. O SWU seria uma ótima oportunidade de se estabelecer esses diálogos para promover uma eficaz comunicação sobre sustentabilidade.

Segundo bem ressalta Ethel Shiraishi Pereira:
Por seu caráter abrangente, os eventos são considerados,(…), instrumentos capazes de viabilizar e estimular o diálogo de maneira simétrica, e colaboram para a obtenção de objetivos diversos dentro das organizações que, nas últimas décadas, foram pressionadas a investir em ações de relacionamento com seus públicos de interesse, além de promover suas marcas, produtos e serviços em busca de maior competitividade. Para que sejam estratégicos, os eventos precisam estar alinhados aos objetivos de comunicação e ser concebidos e planejados dentro dos preceitos éticos da atividade, além de contribuir para os objetivos de negócios das organizações. Ao fazer uso de uma comunicação excelente em suas ações, os eventos em si podem ser utilizados como canais de mão dupla, tão necessários para harmonizar os interesses entre as organizações e seus diversos públicos de relacionamento. Com esse espírito é que compreendemos os eventos como ações planejadas, com gestão de objetivos que estejam orientados para os resultados da organização, sempre em busca da construção de relacionamentos duradouros e confiáveis.Por estabelecer canais de diálogo e fazer uso de técnicas adequadas para promover o encontro de públicos interessados em discutir temáticas específicas, os eventos permitem a simetria na comunicação, por meio da qual torna-se possível a compreensão mútua e a busca por soluções de problemas comuns. Por seu caráter midiático, muitas vezes a promoção de eventos torna-se necessária para que novos conceitos como o de “desenvolvimento sustentável” sejam disseminados e legitimados pelos atores sociais

Conforme aponta Ana Thereza Nogueira Soares in Margarida Maria Krohling Kunsch:
Apenas a partir da convergência de discursos e práticas fará sentido a transformação em larga escala de valores e comportamentos humanos. E só com o reconhecimento da existência de redes complexas de conexão entre as organizações e pessoas as comunicações sobre a sustentabilidade poderão caminhar na direção de uma mudança cultural, pré –condição para afirmarmos que praticamos e construímos, efetivamente, a sustentabilidade

6. Comunicação e Incomunicação

Quanto mais avança a capacidade dos seres humanos de se comunicarem, mais aumentam as dificuldades, os entraves, as distorções. Assim, a comunicação concorre com a incomunicação em todas as oportunidades de se manifestarem.

Especificamente com relação à comunicação ecológica, segundo José S. García e Maria S. Santiso, ela está sujeita a um duplo condicionamento: econômico e social. O primeiro faz com que a empresa busque o equilíbrio entre as necessidades de lucro, a satisfação do cliente e o menor impacto possível no meio ambiente. Pela perspectiva social, busca estimular e facilitar a aceitação de ideias, atitudes ou comportamentos sociais benéficos à sociedade em geral ou que buscam reprimir atitudes prejudiciais. Se enquadram nessa perspectiva as ações educativas e informacionais bem como a atuação da empresa no seu entorno natural promovendo a defesa do meio ambiente.

Podem fazer parte dessa perspectiva social ações de descomunicação ou de desmarketing para desestimular a compra de produtos que se usam uma única vez (GARCÍA e SANTISO 2010), como as campanhas para diminuição do uso de copos descartáveis, estimulando o uso de produtos duradouros ou reutilizáveis. No SWU essa descomunicação não estava evidente, mas sim a incomunicação.

Ao chegar ao evento, o público não recebia a programação, mas um termo de responsabilidade (que inclusive era impresso em papel grosso e com tinta forte, nada econômica). A pessoa sem a programação fica desinteressada e sujeita ao comportamento de matilha. Não participa das atividades do Fórum por exemplo, ou porque não está sabendo quais serão os temas a serem discutidos ou porque ninguém está indo para lá.

O comportamento sustentável deveria ser promovido por ações mais diretas e participativas. A comunicação falhou não só na versão impressa (divulgação da programação) como na oportunidade de estabelecer vínculos e promover a disseminação do conhecimento por meio de interações lúdicas e participativas.

Além disso, as proibições eram tantas que só causavam irritação no público. Não eram permitidas cadeiras ou comidas perecíveis no camping. Quem já acampou alguma vez sabe o quanto um lugar para sentar ou uma fruta fazem falta. O excesso de regras só dificulta o cumprimento, desautoriza as autoridades do evento e irrita o público. Esse mal estar, cumulado com os preços altos de tudo e com as falhas técnicas contribuíram para manifestações espontâneas de descontentamento, como a insistência em jogar lixo no chão ou o grito: “SWU, vai tomar no …”, audível a cada silêncio da banda, ou falha nos telões.

7. Diálogo e discurso

A comunicação do SWU se deu por diálogo e discurso. Ambos se complementam, o primeiro pressupõe a troca a interatividade e o segundo caracteriza-se pela linearidade própria de comunicações oficiais. Contudo o evento poderia ter contato mais com a contribuição do público, engajando-o em atividades mais interativas. As características do SWU ainda seguiram a lógica de broadcast, muio pouco foi feito no sentido de inovar a linguagem adaptando ao tempo de hiperconectividade, abundância de informações e escassez de tempo.

8. Horizontal e Vertical

O ser humano coordena suas representações e experiências, desde as mais primárias, seguindo a lógica do inferior ou superior. Quem ou o quê está acima é melhor. Para Harry Pross, a cultura supõe comunicações ritualizadas e institucionalizadas, possibilitada pelos meios, seguindo a hierarquia vertical de valores.

Na contemporaneidade há uma obsessão ainda maior pelo verticalismo. Com o aumento da virtualidade perdem-se os vínculos com os sujeitos corpóreos e tridimensionais que estão próximos. As pessoas se tornam mais individualistas e são cobradas por seus resultados, qualidades, diferenciais e muito raramente se consideram e são consideradas como iguais.

No SWU isso se demonstrava no cotidiano dos campistas. Normalmente quem acampa, compartilha, ajuda, conversa, se coloca no âmbito do horizontal, em que todos são iguais. Esses valores remontam à revolução cultural da década de 1970, aos valores hippies. O camping do SWU não seguiu essa lógica. O público não era formado por pessoas que normalmente acampam o que era evidenciado pela quase maioria de barracas novas. E a maioria das pessoas eram jovens. Assim, a lógica da verticalidade foi a mais preponderante. Casais e grupos interagiam entre si, sem agregar os vizinhos de barraca. Havia um desinteresse pelo próximo. E inclusive situações de completa alienação: um grupo não saber que o grupo ao lado é do mesmo estado.

9. Cultura do Ouvir

Dentro do contexto de um mundo marcado quer pela inflação de imagens e sons, como pela dificuldade em se ver e ouvir em profundidade (Menezes 2007), a comunicação do SWU deveria ser interativa e orquestral. Perdeu-se uma importante oportunidade para usar o ouvir como disposição para sermos tocados pelas idéias da sustentabilidade.

Para entender melhor esse contexto, uma boa recomendação é a de José Eugenio de O. Menezes:
No silêncio e no ritmo lento do ler, os leitores continuarão a tecer paisagens sonoras, espaços de audição do mundo e escuta do outro, ambientes de vinculação que nos ajudem a, segundo as palavras de Günther Anders, superar o risco de nossas sociedades transformarem-se num grande monólogo coletivo.

10. Considerações finais

As iniciativas comunicacionais do SWU foram estruturadas de acordo com a lógica do eco marketing e do eco capitalismo suas ações não foram verdadeiramente sustentáveis. Ao SWU, portanto, faltou ação política, foi apenas um mega evento de entretenimento (por sinal muito bom, com excelentes bandas em um lugar agradável).

Referências bibliográficas:
CHAMORRO, A.; MIRANDA, F.J; RUBIO, S. El estado de la investigación sobre marketing ecológico en España. Disponível em http://dialnet.unirioja.es/servlet/fichero_articulo?codigo=2153375&orden=0 Acesso em 29 de novembro de 2010.
FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naif, 2007.
GARCÍA, José Sixto; SANTISO, María Salgueiro. Comunicação ambiental para o século XXI. Comunicação & Educação, São Paulo, ano 15, n.2, CCA/ECA/USP/Paulinas, p. 69-76, 2010
JÖHR, Hans. O verde é negócio. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1994.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling; OLIVEIRA, Ivone de Lourdes (Org.). A comunicação na gestão da sustentabilidade das organizações. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.
MEDITSCH, Eduardo (Org.). Teorias do rádio: textos e contextos. Florianópolis, SC: Insular, 2005 (v.1)
MENEZES, José Eugenio de O (organizador). Os meios da incomunicação. São Paulo: Annablume, 2005
MENEZES, José Eugenio de O. Editorial da Revista Ghrebh. Disponível em: http://revista.cisc.org.br/ghrebh9/artigo.php?id=editorial&dir=artigos. Acesso em 15 de outubro de 2010.
PEREIRA, Ethel Shiraishi. Isso não tem importancia: eventos e sustentabilidade na sociedade do espetáculo. Communicare : Revista de Pesquisa, São Paulo , v. 10, n. 1, p. 91-107, jan. 2010.
PRAKASH, Aseem. Greenmarketing, public policy and managerial strategies. Disponível em http://www.greeneconomics.net/GreenMarketing.pdf Acesso em 29 de novembro de 2010.
PROSS, Harry. Estructura simbólica del poder. Barcelona: Gustavo Gili, 1980. 177 p.
SRUR, Eduardo. Fotos das intervenções mais conhecidas do artista, curador do Festival de Arte do SWU. Disponível em http://www.flickr.com/photos/eduardosrur/collections/72157624103087120/. Acesso em 29 de novembro de 2010.
SWU. Compromisso público de sustentabilidade. Disponível em http://www.swu.com.br/pt/movimento-swu/swu-compromisso-publico-de-sustentabilidade/. Acesso em 22 de novembro de 2010.
SWU. Plano de ações de sustentabilidade. Disponível em http://www.swu.com.br/pt/swu/noticias-swu/swu-plano-de-acoes-de-sustentabilidade/ Acesso em 22 de novembro de 2010.
WINKIN, Yves. A nova comunicação: da teoria ao trabalho de campo. Campinas,SP: Papirus, 1998.
WULF, Christoph. O ouvido. Disponível em: http://revista.cisc.org.br/ghrebh9/artigo.php?dir=artigos&id=WulfPort . Acesso em 15 de outubro de 2010.

Anexo 1

http://www.swu.com.br/pt/movimento-swu/swu-compromisso-publico-de-sustentabilidade/

SWU – Compromisso Público de Sustentabilidade

19 07 2010
O movimento Starts With You (SWU) e o festival que vem para celebrá-lo têm como principais objetivos inspirar, conscientizar e mobilizar, demonstrando que a sustentabilidade pode estar presente em todas as ações e contribuindo para o estabelecimento de práticas sustentáveis de forma inovadora.
Estamos atentos aos possíveis impactos de nossas atividades e afirmamos o compromisso de, em todos os eventos e ações, aplicar os princípios e padrões reconhecidos de ética, sustentabilidade, saúde e segurança e cumprir a legislação nacional.
Apresentamos, assim, os valores e diretrizes gerais que regulam o relacionamento com todos os nossos públicos e parceiros. Para saber mais detalhes de como cada um desses princípios será colocado em prática, leia nosso Plano de Ações.
Princípios, Diretrizes e Ações de Sustentabilidade do SWU
1. Direitos Humanos
Em todas as nossas atividades, atuamos conforme os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros padrões e tratados internacionais e não toleramos condições de trabalho degradantes, trabalho infantil, forçado ou análogo ao escravo.
2. Direitos do Trabalho
Além de estarmos de acordo com a legislação trabalhista nacional, buscamos oferecer condições de trabalho adequadas a todos os que participam ou venham a participar da realização das ações e eventos. Cumprimos também todas as exigências, normas regulamentadoras e convenções legais pertinentes às relações e ambiente de trabalho, aplicáveis às nossas atividades.
3. Não-discriminação
Não aceitamos nenhuma forma de discriminação em função de cor, sexo, opção sexual, religião, origem, classe social, idade ou condições físicas nas relações com todos os nossos públicos.
4. Educação em sustentabilidade
Queremos conscientizar, mobilizar e transmitir os valores da sustentabilidade a todos que estiverem de alguma forma no movimento, seja como participante, seja na organização.
5. Inclusão Social
Em nossas contratações de serviços, daremos preferência, sempre que possível, à mão de obra local, cooperativas e micro e pequenos fornecedores, contribuindo assim para a geração de renda e inclusão social.
6. Saúde e Segurança
Empenhamos-nos para propiciar um ambiente saudável e seguro a todos os envolvidos em nossas atividades e eventos, por meio do estabelecimento de padrões rígidos de saúde e segurança, da avaliação de possíveis riscos e definição de procedimentos para evitá-los.
7. Engajamento de Stakeholders
Acreditamos que o engajamento de todas as partes interessadas é essencial para a obtenção de nossos objetivos. Queremos construir relacionamentos de troca e apoio que contribuam para fortalecer e difundir valores comuns. Assim, buscamos estabelecer parcerias, realizar trabalhos conjuntos e de inclusão com as comunidades e compartilhar nossas diretrizes de sustentabilidade com todos os nossos públicos.
8. Transparência, ética e combate à corrupção
O relacionamento com todos os parceiros deve ser baseado em ética e transparência. Além disso, repudiamos e combatemos a corrupção em todas as suas formas e não aceitamos parcerias com instituições de idoneidade duvidosa.
9. Legislação Ambiental
Todas as nossas atividades e de nossos parceiros devem estar em conformidade com leis e regulamentos ambientais.
10. Baixo Impacto Ambiental
Buscaremos sempre reduzir, compensar ou eliminar nossos impactos ambientais. Dessa forma, em todos os nossos eventos e ações, buscaremos cumprir com os seguintes aspectos e metas: a) realização de eventos de baixo carbono e desenvolvimento de processos para redução e mitigação das emissões de gases poluentes; b) preferência pelo uso de materiais reciclados ou recicláveis e que tenham origem certificadas de acordo com padrões sócio-ambientais; c) destinação correta dos resíduos; d) desenvolvimento de processos para baixo consumo de água e energia; e) revitalização da área do festival.

Anexo 2

http://www.swu.com.br/pt/swu/noticias-swu/swu-plano-de-acoes-de-sustentabilidade/

SWU – Plano de Ações de Sustentabilidade

13 09 2010
Que tal ficar por dentro e entender o tamanho do nosso Movimento?
Reforçando os objetivos explicitados em nosso Compromisso Público de Sustentabilidade, apresentamos o Plano de Ações de Sustentabilidade. A partir destas ações, esperamos contribuir para a ampliação da comunicação sobre a sustentabilidade e para o estabelecimento de práticas sustentáveis no Festival.
a. Direitos Humanos
Para assegurar que os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros padrões e tratados internacionais sejam cumpridos em todas as etapas da organização do Festival, os fornecedores envolvidos estão assinando o Manual do Fornecedor.
b. Direitos do Trabalho
Por meio do Manual do Fornecedor, assinado por todas as empresas envolvidas no Festival, garantimos que essas atuem de acordo com a legislação trabalhista nacional, assim como os organizadores do evento. Cumprimos também todas as exigências, normas regulamentadoras e convenções legais pertinentes às relações e ambiente de trabalho, aplicáveis às nossas atividades.
c. Não-discriminação
Na relação com todos os nossos públicos, não é aceita nenhuma forma de discriminação em função de cor, sexo, orientação sexual, religião, origem, classe social, idade ou condições físicas, o que também é assegurado pelo nosso Manual do Fornecedor. No caso dos portadores de necessidades especiais, daremos toda a assistência necessária:
• Vagas reservadas nos estacionamentos;
• Entrada exclusiva;
• Assistência na locomoção dentro da arena do festival;
• Banheiros adaptados;
• Plataforma com vista privilegiada dos palcos;
• Atendimento preferencial nas praças de alimentação;
• Assistência de voluntários para qualquer ajuda.
d. Educação em Sustentabilidade
Buscamos conscientizar, mobilizar e transmitir os valores da sustentabilidade a todos que estiverem de alguma forma no movimento e no festival, seja como participante, seja na organização. Dessa forma, esse objetivo está em toda nossa linha de ação.
Antes do evento
A educação em sustentabilidade está presente em nossas campanhas publicitárias, nas ações realizadas com estudantes, nos flash mobs e em nossa comunicação online, por meio do nosso site e de redes sociais.
Além disso, todos os fornecedores participarão de um treinamento coletivo para conhecer: o Compromisso Público de Sustentabilidade, o Plano de Ação, o Manual do Fornecedor e um Guia com condutas a serem seguidas durante a execução dos trabalhos relacionados ao festival.
Durante o festival
No festival, uma equipe de voluntários irá atuar junto ao público com o intuito de passar informações e dicas de sustentabilidade. Teremos também grande volume de comunicação visual com mensagens e dicas relacionadas ao tema e apresentação de diversas práticas sustentáveis para educação e conscientização do participante.
Para endossar a proposta SWU, contaremos com a presença de ONGs no festival: será disponibilizado um espaço exclusivo para que essas organizações possam expor e apresentar ao público presente os trabalhos que desenvolvem.
Por fim, teremos o Fórum Global de Sustentabilidade, que, ao longo dos três dias do evento, trará especialistas, pensadores, empresários, representantes de entidades não-governamentais e de outras iniciativas para discutir com o público alguns dos principais temas da sustentabilidade. Os debates serão realizados sob uma grande tenda montada dentro do espaço do festival. Durante os três dias serão abordadas questões como Negócios Sustentáveis (desenvolvimento de produtos e economia verde), Inclusão e Minorias (o papel das mulheres, dos grupos regionais e outras minorias e o trabalho social em comunidades), Jovens e Meio Ambiente (como a geração do futuro pode contribuir, desde já, para a construção de um mundo sustentável).
e. Inclusão Social
Para contribuir com a geração de renda e a inclusão social, vamos contratar mão-de-obra local e pequenos fornecedores. Assim, haverá contratação de cooperativas regionais (Itu e Salto), para trabalharem no tratamento de todo o resíduo do festival, e de uma cooperativa da cidade de São Paulo, especializada em móveis recicláveis. São elas:
COMAREI – ITU
Cooperativa de recicláveis que tem como objetivos o cooperativismo, a capacitação e a profissionalização dos catadores como agentes da limpeza e proteção ambiental. Atende 45 famílias através da coleta, triagem e venda dos materiais recicláveis às indústrias recicladoras. Tem uma ação inovadora por ser a responsável pela coleta seletiva de lixo em toda cidade de Itu, sendo referência em todo Brasil. A COMAREI estará presente na Estação de Reciclagem do SWU Music & Arts Festival.
CORBES – SALTO
Cooperativa de Reciclagem Boa Esperança, localizada na cidade de Salto, desenvolve ações que proporcionam a acentuação dos valores difundidos pelo cooperativismo, com distribuição de renda e agregação de valor ao trabalho; sensibilização da população para a reciclagem; e a validação do papel do catador como agente ambiental, primeiro elo da cadeia produtiva da reciclagem. Recentemente, a Corbes recebeu o certificado internacional “Best Practices”, como uma das melhores práticas sócio-ambientais do planeta, ganhando notoriedade mundial. Dar um destino útil ao lixo é uma excelente alternativa para a preservação do meio ambiente e também aumentar postos de trabalho. Na Corbes, por exemplo, atualmente, existem 43 cooperados, que sobrevivem deste serviço e que estarão presentes no festival.
ARTE EM PNEUS ASSOCIAÇÃO ARTESANAL – SÃO PAULO
É formada por Ecodesigners que promovem saberes sustentáveis e consciência ecológica. Auxiliam o desenvolvimento criativo e mostram caminhos para despertar o artista dentro de cada um, com respeito ao aprendizado mútuo e contínuo na relação do Facilitador com o grupo. São profissionais com experiência, que defendem com propriedade o conceito vivenciado e desenvolvido dia-a-dia pela Associação Artesanal que tem foco no estímulo criativo e na prática de atitudes ecológicas, assim denominados Multiplicadores, pois replicam técnicas artesanais de transformação de materiais inservíveis ou descartados, para que mais pessoas possam absorver e desenvolver esse conceito e cada vez mais limpar o Meio Ambiente. A associação já percorreu diversas cidades para ensinar pessoas, especialmente os jovens, a fazer dinheiro ou mobiliar suas casas com os pneus velhos. Até agora, 140 pessoas já foram capacitadas a tirar seu sustento desse tipo de reciclagem. Eles serão os responsáveis pelo mobiliário das áreas de descanso do festival.
f. Saúde e Segurança
Por meio do nosso Manual do Fornecedor e do treinamento oferecido antes do evento a todos os fornecedores, procuramos garantir um ambiente saudável e seguro a todos os envolvidos em nossas atividades.
Durante o Festival, contaremos com três empresas de segurança, posto policial móvel na entrada e oficiais da polícia turística que darão todo o apoio necessário para o público. Além disso, seguranças motorizados farão patrulha constante no local. Câmeras 360° de alta definição e com infravermelho para gravar à noite vão auxiliar no monitoramento e estarão espalhadas por toda a arena. Os seguranças estarão numerados para garantir o padrão de qualidade no atendimento. O público terá um canal direto para reportar qualquer abuso. Através dessa identificação será possível substituir profissionais que não respeitarem as políticas de segurança do SWU.
O público do SWU Music and Arts Festival contará também com atendimento de saúde 24h na Arena Maeda. Serão 15 postos médicos espalhados pelo local, com profissionais qualificados, ambulâncias e um helicóptero ficará disponível para remoção, em casos de urgência.
g. Engajamento de Stakeholders
Acreditamos que o engajamento de todas as partes interessadas é essencial para a obtenção de nossos objetivos e para a difusão de valores comuns. Assim, buscamos estabelecer parcerias, realizar trabalhos conjuntos e compartilhar nossas diretrizes de sustentabilidade com todos os nossos públicos.
Fornecedores e Prestadores de Serviços em Geral
Foi criado um Manual para todos os nossos parceiros, de forma que possamos compartilhar nossas diretrizes e princípios e garantir que os aspectos da sustentabilidade estejam presentes em suas atividades e na execução de seus serviços.
Endomarketing Grupo Totalcom
No lançamento da campanha, os colaboradores do grupo Totalcom receberam um kit com ecobag, livro verde e uma camiseta e foram convidados a assinar o manifesto do movimento, engajando-se ao SWU. A campanha interna foi composta por uma série de peças espalhadas pela agência para despertar o olhar dos colaboradores para as pequenas atitudes que podem gerar grandes mudanças no ambiente de trabalho.
Guia para staff de patrocinadores
Todos os profissionais que não fazem parte da equipe de produção do Festival, mas farão parte do evento recebem uma cartilha contendo: conceito do movimento; guia de procedimentos dentro da área do evento com a padronização do sistema de descarte, funcionamento da central de reciclagem, política de redução de impactos ambientais (racionalização do uso de recursos – energia, água e materiais, além da mitigação de carbono); política de ética na contratação de mão de obra.
Endomarketing patrocinadores
Os patrocinadores também lançaram campanhas internas para engajar seus funcionários no movimento SWU. São diversas ações como: e-mail marketing, dicas e cartazes com mensagens sobre o movimento.
Comunidade Local
O engajamento da comunidade local se dará por meio das ações de inclusão social e contratação de fornecedores locais, que também receberão nosso Manual do Fornecedor e o treinamento dado a todos os outros fornecedores.
Governo
Foram realizadas ações de engajamento com órgãos governamentais. Assim, contamos com o apoio oficial da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo e da Prefeitura de Itu.
Público em geral
Ações pré-festival
Durante os meses precedentes ao festival têm sido realizados concursos, flash mobs e campanhas, procurando comunicar e conscientizar os participantes sobre questões relacionadas à sustentabilidade. Além dessas ações, o público do festival poderá acessar, através do portal SWU, um Guia de Conduta contendo informações sobre condutas seguras e sustentáveis, como: Acesso, Lixo, Consumo Consciente, Hospedagem, Acessibilidade, Alimentação, Pertences Pessoais, Cuidados Gerais.
Ações durante festival
Em todo o recinto do evento, haverá grande volume de comunicação visual com mensagens e dicas relacionadas ao tema e apresentação de práticas diversas para educação e conscientização do participante.
h. Utilização de voluntários
Estão sendo selecionados 60 voluntários, por meio de inscrições realizadas pela internet. Esses voluntários serão responsáveis pelo apoio aos deficientes físicos, monitoramento das ações ambientais (central de triagem, cultura orgânica, distribuição de bota-bitucas, informação ao público, camping e catering, praça de alimentação e acesso). O objetivo desse recrutamento é formar multiplicadores do movimento no Festival e nas comunidades em que atuam. Esse grupo, chamado de Angels, tem a oportunidade de ver o festival por um ângulo diferente: uma visão de dentro do festival, trabalhando e sendo parte importante na formação deste movimento. Os Angels são a ponte de conexão entre organização e público. Os Angels são também agentes multiplicadores, pessoas que vão ao festival ajudar e que depois do festival vão poder aplicar tudo o que viram lá no seu dia-a-dia e levar essa ideia à diante.
i. Transparência, ética e combate à corrupção
Temos pautado o relacionamento com todos os parceiros na ética e transparência e não aceitamos nenhuma forma de corrupção. Asseguramos isso por meio de nosso Manual do Fornecedor e de nosso Compromisso Público de Sustentabilidade.
j. Legislação Ambiental
Por meio de nosso Manual do Fornecedor, procuramos assegurar que todas as nossas atividades e de nossos parceiros estejam em conformidade com leis e regulamentos ambientais.
k. Baixo Impacto Ambiental
Nosso compromisso público de realizar um evento que busque, sempre que possível, reduzir, compensar ou eliminar seus impactos ambientais, será garantido por meio do nosso Manual do Fornecedor e de diversas ações a serem realizadas no Festival. Abaixo, explicitamos algumas dessas atividades.
Consumo de energia
Em todas as nossas ações buscaremos processos para garantir baixo consumo de energia:
Geradores: a maior parte da energia do festival virá de geradores, sendo que todos eles funcionam à base de biodiesel.
Ilha de Energia Solar: além de divulgar a tecnologia de geração de energia solar, estamos repondo uma parte da energia consumida pelo evento por uma energia gerada através de uma fonte limpa.
Celularia e Totem de Energia Solar: iremos deixar à disposição do público a energia gerada pela Ilha de Energia para recarga de celulares e afins.
Difusor de iluminação natural: tecnologia inovadora para difusão de iluminação solar, evitando o consumo de energia elétrica. Essa tecnologia será utilizada para iluminação da central de reciclagem e da celularia.
Economia de Energia do Público: quem levar conta de luz que comprove a redução no consumo de energia no último mês poderá comprar produtos SWU com 10% de desconto.
Uso de Lâmpadas LED: serão utilizadas sempre que possível, como nos telões dos palcos principais.
Uso de sensores de iluminação durante a noite nas áreas de camping.
Emissões de gases poluentes
Sempre que possível, iremos reduzir nossas emissões e buscaremos mitigar parte delas.
Mitigação de carbono: será realizado o plantio de milhares de árvores em área de preservação permanente na reserva de Mata Atlântica de Itu, próximo ao local de realização do evento. O plantio será realizado pela SOS Mata Atlântica, que certifica e monitora através do projeto Florestas do Futuro. Esse plantio é suficiente para a absorção de toneladas de carbono equivalentes às emissões de consumo de geradores, transporte aéreo de artístico, traslados, montagem e desmontagem.
Uso de geradores a biodiesel e placas de energia solar para a geração de energia do Festival.
Estímulo à redução da utilização de veículos automotores, privilegiando participantes que aderirem à Carona Solidária: descontos em estacionamento e pista preferencial para carros com mais de três pessoas.
Estímulo ao uso de transporte público: ônibus saindo de 4 bolsões em locais de fácil acesso da capital.
Descarte de Resíduos
Serão implantadas ações para a redução da quantidade de resíduos sólidos, sempre que possível. Além disso, será dada destinação correta a todos os resíduos resultantes de atividades relacionadas ao evento.
Estação de Reciclagem: todo o resíduo gerado pelo evento será encaminhado à estação de reciclagem. Nesse local, os recicláveis serão separados, compactados e pesados, ficando prontos para a reciclagem. O público terá visibilidade de todo o processo. Por fim, estes resíduos serão destinados a cooperativas de catadores da região.
Catering: Não serão utilizados talheres e pratos descartáveis no catering do festival.
Cultura Orgânica: a cultura orgânica receberá todo o resíduo orgânico gerado pelo evento, que será separado e destinado para a compostagem. Além da função de reciclagem, essa estação irá demonstrar ao público técnicas domésticas de gestão de resíduo orgânico. Serão expostas também técnicas de cultivo de hortaliças e alimentos orgânicos em culturas domésticas.
Distribuição de bota-bituca: para incentivar a correta destinação do microlixo serão distribuídos bota-bitucas para o público do festival.
Uso de materiais
Sempre que possível, daremos preferência ao uso de materiais reciclados ou recicláveis e que tenham origem certificada, de acordo com padrões sócio-ambientais.
Móveis: Grande parte dos móveis do festival será feita de material reciclado, principalmente, pneu e mesas feitas de tubos de pasta de dente.
Material gráfico: press kit, cartazes, flyers e books são produzidos utilizando papel certificado e tinta à base de água.
Cenografia/Estrutura: em partes da cenografia, utilizaremos contêineres reaproveitados. O restante será feito com materiais reciclados e madeira certificada. As pinturas serão feitas com tinta à base de água. Para diminuir o uso de materiais, muitas das artes serão feitas com projeções e LEDs. Todas as tendas são alugadas e poderão ser reaproveitadas em outros eventos.
Tinta Cerâmica: Tinta branca à base de cerâmica que diminui a temperatura interna de ambientes e reflete os raios solares, diminuindo a absorção de calor, contribuindo para a redução de temperatura externa.
Consumo de Água
Em todas as nossas ações buscaremos processos para garantirmos baixo consumo de água.
Banho Camping: vamos priorizar o consumo mínimo de água no evento. As duchas dos campings terão temporizador e o máximo de tempo que as pessoas poderão ter de banho são 7 minutos.
Impacto no Trânsito Local e Logística de Transporte
Estamos trabalhando para criar o máximo de alternativas de transporte para, além de dar conforto ao público, oferecer também segurança e agilidade sem causar transtornos aos demais usuários das rodovias envolvidas e, principalmente, diminuir a poluição.
Faremos uma ampla campanha incentivando as pessoas a se organizarem em grupos (com amigos e através das redes sociais) e participarem da carona solidária. A ação se dará da seguinte forma: quanto mais pessoas no veículo, menor o valor pago pelo estacionamento.
Além disso, bolsões de estacionamento serão criados: dois no entorno da cidade de Itu e quatro em São Paulo. Eles funcionarão com valores mais baixos que os outros estacionamentos do Festival e contarão com transporte direto para a Arena Maeda em diversos horários.
Serão montadas centrais de informação nos principais postos de combustível das rodovias que dão acesso ao evento. Nos pedágios, panfletos com mapas orientarão sobre os acessos e cuidados que o motorista deve ter na rodovia. Faixas de sinalização e orientação serão instaladas ao longo das estradas.
Para quem utilizar o carro, novos acessos estão sendo criados, além da estrada principal. Teremos acesso só para ônibus, vans e táxis; outro que será utilizado por artistas, caminhões de equipamentos, ambulâncias e acesso das caravanas; e, por fim, um acesso para carros e outros.